Ex-presidente Temer vira réu pela sexta vez
O juiz federal Marcus Vinícius Reis Bastos, de Brasília, transformou Michel Temer em réu pela sexta vez. O ex-presidente vai responder por organização criminosa, além de obstrução da Justiça, junto com os ex-ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.
A defesa de Temer reagiu por meio de nota na qual afirma que o ex-presidente "nunca integrou organização criminosa nem obstruiu a Justiça e por isso também essa acusação será desmascarada a seu tempo".
A denúncia foi inicialmente apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal) em 2017 pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No mês passado, depois de o caso ser enviado para a primeira instância judicial, a acusação foi ratificada pelo Ministério Público Federal.
O Ministério Público acusa Temer de, entre outros pontos, ter instigado o empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F, a pagar "vantagens indevidas"ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha para que este não fechasse acordo de delação premiada.
O episódio foi revelado depois que veio à tona o áudio de uma conversa entre Temer e Joesley no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República. Nela há um trecho em que, na avaliação do Ministério Público, Temer sugere a manutenção do pagamento de propina a Cunha. "Tem que manter isso, viu!", disse Temer a Joesley em meio ao diálogo gravado pelo dono da J&F.
"A denúncia se fez acompanhar de documentos que lhe conferem verossimilhança", destacou o juiz Marcus Vinícius Reis Bastos. Ele considerou que a denúncia preenche os requisitos para se transformar em ação penal e determinou que os três réus apresentem defesa por escrito em dez dias.
Ainda segundo o magistrado, os fatos investigados no inquérito são similares àquele sobre o chamado "quadrilhão do MDB", que também corre na Justiça Federal e no qual são réus, por exemplo, o coronel João Baptista Lima Filha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima.