Os privilégios que estão quebrando a Previdência
Um levantamento minucioso produzido pela IFI (Instituição Fiscal Independente), vinculada ao Senado Federal, tornou públicos alguns dados que o Governo Federal mantém sob sigilo e ajudam a explicar as razões do cenário pré-falimentar do modelo atual da Previdência Social. O estudo ajuda a entender por que o País não pode prescindir da reforma em análise, neste momento, na Comissão Especial da Câmara Federal.
O modelo previdenciário brasileiro, que no passado chegou a servir de exemplo para outros países, foi totalmente desfigurado pela criação de privilégios insustentáveis que levaram, por exemplo, um servidor federal aposentado a custar, atualmente, quase 15 vezes mais que um aposentado da iniciativa privada.
De acordo com o levantamento, os trabalhadores privados aposentados pelo INSS custaram em 2018, em média, R$ 6,4 mil. Esse valor é resultado da soma do efetivamente paga a cada aposentado mais o custo administrativo. Já o custo médio dos servidores públicos da União aposentados foi de R$ 92 mil em igual período.
Dividindo os servidores civis dos militares, chegou-se a uma diferença ainda mais gritante. Enquanto o rombo per capita dos funcionários públicos civis foi de R$ 68,2 mil, o dos militares foi de R$ 148,8 mil.
CONGRESSO DIVIDIDO
E para que a reforma realmente saia do papel, o governo precisa avançar muito na conquista de votos na Câmara, onde dos dez partidos que já definiram oficialmente como votarão seus deputados na Comissão Especial, somente PSL e Novo são totalmente favoráveis.
A oposição (PDT, PT, PCdoB, PSB, PSOL e Rede) já anunciou que votará contra a PEC. Juntas, essas siglas têm 133 votos na Casa. MDB e PR disseram que vão votar a favor da reforma, mas com mudanças no texto. O MDB, por exemplo, é contra três pontos da proposta: as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos pobres, na aposentadoria rural e na aposentadoria dos professores. (Foto: Arquivo)