A discordância política
J. J. Duran
?O político que em campanha divide a sociedade, quando chega ao poder não pode uni-la e governá-la"- Barack Obama.
Passado o ruidoso tempo do palanque eleitoral e das passeatas pelas ruas, aparece para o ganhador da contenda o custo que tem pacificar uma sociedade fraturada politicamente.
Essa fratura tem seu elevado custo bancado inicialmente pela economia da República, que, silenciosamente, a transfere com juros para a sociedade como um todo.
Neste momento aparecem também os escândalos, as fake news e a desinformação saída das redações interessadas monetariamente em difundir o falso e ocultar o verdadeiro.
Começa então o tempo da negatividade, que consome energias de governantes e paciência dos governados e, ao fim, se transforma em desesperança e temor de uma escolha equivocada nas urnas.
Aparece o tempo onde o"eles"suplantam o"nós"como expoentes da sociedade, que leva no seu ventre a decadência do novo e a perda do sentir a democracia como sistema que dá de comer, sara feridas e cura ódios.
No Cone Sul da indo-América, todas as repúblicas provaram todo tipo de sistema governamental: políticas de direita e de esquerda, democracias populistas e autoritarismo ordenador dos costumes.
No século XX, quando fomos atores da discordância e enfrentamos estúpidas contendas fratricidas, ganhamos as ruas para defender com irracionalidade uma sociedade que gritava sua orfandade republicana. Foram tempos de confrontos estéreis que, ao fim, nos reconduziram à luta para defender o pensamento de cada um e sentir a reconquista da civilidade democrática. O povo havia trocado rostos e nomes, mas mantido a disposição de reencontrar a verdade e o desenvolvimento.
Passadas várias décadas, toda indo-América vive lutando para sair de lamaçais causados seja pela direita nacionalista, seja pela esquerda populista, ambas enriquecidas pela corrupção de seus representantes.
Na sua eleição mais recente, a maioria dos brasileiros votou pela esperança no futuro e elegeu Jair Bolsonaro, que segue fiel ao seu discurso ácido na tentativa de mostrar ao mundo que existe um Brasil renovado e esperançoso no amanhã, porém ainda não encontrou a dissidência existente no sodalício parlamentar entre novos e velhos tribunos eleitos pelo povo para legislar e não para colocar pedras no caminho da República.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras