Bancos perdem espaço para as cooperativas de crédito
O número de agências bancárias no Brasil teve queda de 10% nos últimos cinco anos: de 23.126 em 2014 para 20.850, segundo o Banco Central. Entre as cinco maiores redes, quatro tiveram queda em seu atendimento físico. Na contramão desse cenário, as cooperativas de crédito saltaram de 4.277 para 5.391 pontos de atendimento no mesmo período, com crescimento de expressivos 26%.
As instituições financeiras cooperativas oferecem os mesmos serviços financeiros de um banco tradicional. O diferencial está no fato de que os associados são donos do negócio e participam ativamente da gestão, por meio das assembleias. Por serem associados, os correntistas recebem de volta parte do resultado positivo da instituição, o que se convenciona chamar de sobras e que retornam ao cooperado de acordo com a sua movimentação financeira.
As cooperativas de crédito tiveram a sua origem em cidades do interior, em muitas das quais são as únicas instituições financeiras. O Sicredi, por exemplo, é a única rede em 202 cidades de todo o Brasil, e o mesmo ocorre com o Sicoob, em 258 municípios. No entanto, parte dessa expansão do cooperativismo de crédito está calcada em capitais, em regiões metropolitanas e em cidades de médio porte.
?Não é uma estratégia de ocupar lugares nos quais tenha existido agência bancária. O mais relevante é formar uma rede física, que é necessária, apesar dos outros canais de relacionamento. Em torno dessa agência, os nossos pilares vão se fortalecendo?, afirma o presidente nacional do Sistema Sicredi, Manfred Dasenbrock. Entre esses pilares, ele cita a preocupação com o atendimento, com a transparência (com duas prestações de contas anuais) e a participação ativa dos associados na gestão da cooperativa.
?No interior, o cooperativismo é feito de amigo para amigo, em uma relação mais familiar. Nas maiores cidades, nós acabamos nem sequer conhecendo o vizinho que mora no mesmo prédio. É uma relação de confiança diferente, mais difícil de construir. Ela se dá pela proposta e pela forma de atuar?, analisa Francisco Reposse Junior, diretor de Desenvolvimento e Supervisão do Sicoob Confederação, destacando a relevância das agências físicas como uma espécie de garantia para obter novos associados nos centros urbanos.
Atualmente, o cooperativismo de crédito no País soma mais de 10,5 milhões de pessoas - aproximadamente 5% do total da população. O crescimento do total de associados nos últimos cinco anos foi de 39%. (Foto: Arquivo)