Simpósio na capital discute o futuro da pecuária leiteira
As transformações que a pecuária de leite brasileira (e paranaense) vem sofrendo ao longo dos últimos anos fazem com que discussões acerca da atividade sejam cada vez mais necessárias. O cenário muda, novas oportunidades aparecem e o mercado exige pecuaristas atualizadas e bem esclarecidos. Esse é o ponto de partida para o 9º Simpósio Leite Integral, que vai de hoje até quinta-feira (11) na ExpoUnimed, em Curitiba.
Voltado a produtores de leite, técnicos, consultores, pesquisadores, professores e estudantes, o evento realizado pela Revista Leite Integral em parceria com o Sistema Faep/Senar -PR vai abordar os desafios e oportunidades do setor, do ponto de vista técnico e mercadológico. Uma das propostas da edição de 2019 é que o participante construa sua opinião com base em argumentos científicos e na experiência de quem vive a pecuária de leite. De acordo com o técnico Alexandre Lobo Blanco, o simpósio se consolidou como um evento de referência no setor, com caráter de ebulição de ideias.
"É um momento em que encontramos empresas, instrutores, e conseguimos trocar ideias, avaliar projetos, fazer prospecções dos cursos e buscar referências para atualização dos treinamentos", comenta.
Um dos temas discutidos será o período de transição das vacas leiteiras, também conhecido como período periparto, que começa nas três semanas finais da gestação e se estende até a terceira semana após o parto. Segundo o médico veterinário e professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Rodrigo de Almeida, que irá coordenar o debate, este é um período muito delicado para o animal, que exige um cuidado especial em relação ao seu bem-estar. "Se você não der conforto e uma dieta equilibrada, a vaca fica doente, e a lactação que está começando fica comprometida. E é nesse momento que grande parte das doenças mais conhecidas na bovinocultura ocorre", explica.
TRANSIÇÃO
Pesquisas indicam que até 50% das vacas de uma fazenda ficam doentes no período de transição. Ou seja, um dos desafios da pecuária de leite é mudar esse quadro. "Vamos mostrar para os participantes o que fazendas de sucesso têm feito para tentar diminuir esses números. Nós, técnicos, indicamos algumas estratégias que podem redundar em um maior custo diário e maior custo alimentar. Mas vamos mostrar que vale a pena investir e gastar mais nesse período para ter uma vaca saudável e mais produtiva na lactação que começa", destaca Rodrigo de Almeida.
Ele esclarece ainda que práticas simples fazem a diferença. Além de uma dieta balanceada e nutritiva, é importante cercar de cuidados o animal no período periparto, como por exemplo, deixá-lo separada das demais, protegê-lo de sol e chuva e, no calor intenso, tentar resfriá-lo.
QUALIDADE DO LEITE
A qualidade do leite também será um dos assuntos abordados ao longo do evento, devido às novas regras estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a partir das Instruções Normativas 76 e 77. A coordenação do debate fica por conta do gerente da Associação Paranaense dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, José Augusto Horst, que irá trazer os impactos e desafios que essas alterações representam para a cadeia do leite.
"As principais diferenças, para o produtor, são os requisitos [Contagem de Células Somáticas e Contagem Bacteriana Total] do leite. Eles permanecem os mesmos em relação à IN 62, mas agora há a exigência de um controle maior da temperatura do leite, além de não se permitir mais o uso de resfriadores de imersão, apenas de expansão", adianta.
Horst ressalta que a indústria também terá um papel importante neste novo cenário. O trabalho em conjunto de ambos os setores será essencial para buscar ações e medidas que permitam produzir leite com esse perfil de qualidade.
O simpósio traz outras temáticas em pauta, tais como a criação de bezerras, fertilidade dos rebanhos, bem-estar animal, mão de obra versus automação, marketing dos produtos lácteos e leite A2. (Foto: Faep)