TCU mira supersalários no Judiciário, MPF e estatais
Com base em um questionamento apresentado por vários auditores, o ministro Bruno Dantas, relator das contas do Ministério Público Federal, fez o pedido e o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu desenvolver diligências para analisar a legalidade e a viabilidade do pagamento da chamada "gratificação por exercício cumulativo de ofícios" a procuradores e juízes federais.
Inicialmente, Dantas sugeriu a inspeção sobre os pagamentos reivindicados por procuradores - o bônus foi o detonador de forte cizânia entre a categoria e a cúpula da Procuradoria-Geral da República.
Como os integrantes do MPF reivindicam o benefício com base num princípio de paridade com a Justiça Federal, o decano da corte, Walton Alencar Rodrigues, sugeriu estender a análise do caso aos juízes federais.
Procuradores chegaram a organizar um motim no início deste ano, entregando cargos e funções para pressionar a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a autorizar o pagamento da gratificação.
FARRA
No caso das estatais não dependentes dos recursos do Tesouro Nacional, que também serão alvo de investigação, a chamada farra salarial é tão ou mais gritante que no Judiciário e no MPF. Auditoria do próprio TCU levantou nada menos que 4.705 empregados dessas empresas recebendo salários até duas vezes maiores que os pagos pela iniciativa privada, o que implica em uma despesa de R$ 622 milhões anuais acima do teto constitucional. Essa "mágica" com o dinheiro público é feita por meio do pagamento de participações nos resultados sem que as empresas tivessem tido lucro, o que é ainda mais grave. (Foto: TCU)