Previdência custa dez vezes mais que educação no Brasil
O ministro da Economia, Paulo Guedes, revelou na tarde desta quarta-feira (3), durante audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que o governo gastou em 2018 dez vezes mais com a Previdência Social do que com a educação.
"Gastamos R$ 700 bilhões ano passado com a Previdência, nosso passado, e R$ 70 bilhões com educação, nosso futuro. Gastamos dez vezes mais com a Previdência do que com nosso futuro", declarou o ministro, ressaltando que o impacto previdenciário nas contas públicas é "incontrolável".
Guedes chamou atenção para o fato de a população brasileira ainda ser relativamente jovem e, mesmo assim, as despesas previdenciárias já são elevadas. "Existem sistemas que quebraram {a Grécia} e estamos vendo o exemplo de Portugal. Imaginamos como não deve estar o problema previdenciário na Venezuela hoje", afirmou.
O ministro usou diversas vezes o termo "perverso" para se referir ao sistema de previdência brasileiro. "Financiar a aposentaria do idoso desempregando trabalhadores é, na minha opinião, uma forma perversa de financiar o sistema. É, do ponto de vista social, uma condenação", disse.
E acrescentou: "É um sistema perverso, 40 milhões de brasileiros estão excluídos do mercado formal, não conseguem ter capital, porque foram expulsos, excluídos do mercado formal, pela forma perversa com que o sistema é financiado. Isso é socialmente perverso".
Ele reiterou que, independentemente do governo ou da coloração partidária, o sistema está "financeiramente condenado antes de a população envelhecer".
GLEISI EM CENA
O clima ficou tenso quando o ministro disse que a Previdência é uma "fábrica de desigualdades" e citou os exemplos dos estados de Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, que já enfrentam dificuldades para pagar salários de servidores e aposentados.
Nesse momento, ele foi aparteado por parlamentares de oposição, que citaram o sistema previdenciário chileno. O ministro, então, ironizou: "Chile, US$ 26 mil de renda per capita, quase o dobro do Brasil. Acho que a Venezuela está bem melhor".
"Eu vou falar na hora em que você falar também. Fala mais alto do que eu. Fala alto. Eu não estou ouvindo. A palavra é dos senhores", disse, enquanto a paranaense Gleisi Hoffmann discutia com ele.
"Eu cometi um erro sério quando respondi a uma indagação de Gleisi, mas tentei ser atencioso e respondi. Sou muito respeitoso. Os senhores têm muita familiaridade com esse ambiente, eu não. Os senhores poderiam considerar que eu posso cometer erros. Eu cometi o erro de interagir, eu só deveria ter falado. Então, eu não vou interagir", afirmou em seguida. (Imagem: TV Câmara)