Previdência é ponto de honra para a retomada da economia
O jornalista Erich Decat, analista político da XP Investimentos, esteve na Acic na noite de ontem (1º) para dar detalhes sobre os bastidores da política em Brasília e as perspectivas relacionadas à reforma da Previdência. Ele deixou claro que não se trata de uma reforma qualquer, e sim de uma medida fundamental para que os próximos passos da recuperação dos investimentos sejam dados e tirem o Brasil de sua pior e mais duradoura crise econômica.
Com anos de experiência na cobertura do jogo político e sem ignorar os percalços que o governo terá de enfrentar, Erich sinalizou que é possível sim que até setembro a nova reforma da Previdência seja aprovada. "Mas não será aquela que divulgam, de economia de grandes cifras. Deverá ser uma reforma mais modesta, a reforma possível diante das urgências do País e dos movimentos da acomodação política".
Com o início dos ajustes das contas públicas o Brasil passará então a respirar mais aliviado, segundo ele. "Poderemos sim ser a bola da vez no mundo para receber os investimentos destinados a um mercado emergente. E isso fará enorme diferença à recuperação econômica, à volta dos negócios e à geração de empregos". Por isso, disse Erich, é preciso que as entidades, os líderes e a população cobrem os seus representantes e exijam deles que votem pela reforma.
Para que a proposta do governo saia do papel, Erich entende que deverá existir uma participação mais ativa e presente do presidente Jair Bolsonaro e que a articulação no Congresso ocorra de forma mais ágil e competente. Um ponto importante é que a troca de acusações entre caciques cesse, porque ela gera instabilidade e desconfiança.
Outro ponto a ser considerado é o resultado das próximas pesquisas de opinião. Quanto mais desidratado o governo estiver, mais caro e difícil será aprovar as alterações para tornar a Previdência mais suportável. "Por isso, seria bom que ela ocorresse no menor tempo possível", alertou o analista da XP Investimentos.
RESISTÊNCIAS
Eric Decat previu que, além da "falta de carinho e de atenção" do governo apontadas pelo Congresso, haverá outros focos duros de resistência à reforma, vindos principalmente dos sindicados, da esquerda e dos servidores públicos, mas tudo ainda depende de tempo para saber qual vai ser o tamanho desse desafio. As redes sociais, que tiveram papel decisivo nas eleições de outubro, também deverão passar por novos testes de força. Mas depois da Previdência, previu ele, então virão naturalmente outros ajustes nos campos administrativo, tributário e político, diz Erich Decat.
Questionado sobre a possibilidade de a reforma da Previdência não passar, o jornalista previu um cenário muito difícil. "De dificuldades, inércia e com gradual agravamento econômico", alertou. Para ele, sem a reforma os investimentos de fora não virão, a infraestrutura não se modernizará, as empresas recuarão em seus projetos de expansão e o combate ao desemprego ficará fragilizado. (Foto: Assessoria)