A política e a mentira
J. J. Duran
Política é algo que se deve fazer todos os dias, em diferentes lugares, com conhecimento de causa sobre o tema em discussão e respeito à paixão ideológica das diferentes correntes de pensamento. Ela está submetida quotidianamente ao plebiscito popular e dos meios de comunicação, situação que obriga os dirigentes partidários a reposicionarem os antagonistas.
Os erros na política, já dizia Alcides de Gaspari, têm o mais alto preço entre tudo que existe em uma República. Errar é comum nas democracias, porém a mentira propagada desde o poder é alarmante e conduz à perda da moralidade exigida dos homens públicos.
O problema não está exatamente nos erros, comuns aos mandatários eleitos democraticamente, mas em não saber, não querer ou não poder corrigi-los. Há que reconhecer que, muitas vezes, os equívocos são defendidos por quem está no poder num esforço nada inteligente para salvar suas mentiras.
A prudência recomenda aguardar para descobrir que o inimigo ontem atacado ferozmente hoje não se converte em paladino representante do governo nos círculos políticos ou econômicos.
Errar é humano dizem os sábios, já que os que cometem erros são simples mortais e passageiros transitórios do poder. Já os puritanos divergem desse pensamento, manifestando que a política deve ser uma prática sacramental, similar aos dogmas da igreja.
Muitos colegas dizem que Godot ainda espera que o político sempre diga a verdade e não cometa equívocos, mas Nietzsche já dizia que o erro é fonte da verdade.
Lamentável e comum é constatar que, após o assunto em pauta virar passado, líderes apontados como "diferentes" sucumbem, na hora de governar, aos seus postulados reformistas de linha puritana.
A mentira fica estabelecida nos líderes populistas como meio de dominação, e nos líderes da direita nacionalista como metodologia de superioridade ao pensamento das massas.
Mas quando no poder, ambas as vertentes ideológicas coincidem com o exagero do personalismo autoritário e individualista, fazendo da mentira ferramenta de defesa de suas verdades.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras