Minha modesta maneira de ver as coisas
Waldir Ferreira
Após a prisão de Temer, verifiquei um sem-número de queixosos, e que apregoam serem progressistas, condenando um suposto caráter abusivo por parte da Lava-Jato.
Temos concordância que os membros da operação, não poucas vezes, passaram do ponto. Essa é uma coisa! Porém, em minha modesta maneira de ver as coisas, entendo não ser esse o cerne da questão. O fato é que nunca antes na história desse país, essa parcela abastada da sociedade se viu ameaçada de ver o sol nascer quadrado.
Temer, Cunha, Pezão, Cabral, Lula e tantos outros que estão ou estiveram presos, aproveitaram a posição de poder e tornaram seus governos e/ou mandatos em verdadeiros convescotes de corruptos. Fizeram, de forma consciente, a opção de não seguirem o sábio conselho do grande Ulysses Guimarães: "Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública."
Alguns estão usando do argumento de que atropelar supostos direitos fundamentais dessa quadrilha é uma ameaça aos direitos de todos os cidadãos comuns.
Apesar de ser comovente todo esse interesse pelos direitos de nós, cidadãos comuns, eu tenho uma péssima notícia: todos os dias, o cidadão comum brasileiro tem os seus direitos atropelados. A prova disso é o nosso país ter a quarta maior população carcerária de todo o planeta. Em sua maioria, são pretos e pobres. Dentre esses, um número considerável que não teve acesso a, sequer, um julgamento em primeira instância.
Esse papo de transitar em julgado após esgotado o último recurso em instância superior, é conversa de quem ignora a realidade do povo. Apenas uma casta de privilegiados tem bala na agulha pra bancar poderosos escritórios de advocacia recorrendo até o STF. Porém, sabemos a que tipo de discurso interessa essa narrativa. Para manter a estória de preso político, é preciso demonstrar uma certa coerência no discurso.
Eu, à título de exemplo, afirmo que a arbitrária foi a prisão de Rafael Braga (seu crime: portar um vidro de pinho sol e uma água sanitária, nas manifestações de 2013), me comove infinamente mais que a de qualquer desses corruptos. E, também, a de qualquer outro canalha que afronte o sábio conselho do eterno Senhor Diretas!
Waldir Ferreira é presidente do Sintracoop - Sindicatos dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas do Distrito Federal