MP denuncia ex-ministro e ex-secretário de Cascavel
O deputado federal Ricardo Barros, ministro da Saúde no Governo Michel Temer (preso hoje, diga-se de passagem), foi denunciado pelo Ministério Público de Maringá por improbidade administrativa juntamente com Leopoldo Fiewski, que foi secretário municipal nas gestões de Silvio Barros II e Carlos Roberto Pupin e teve uma passagem também por Cascavel, onde dirigiu a Secretaria do Meio Ambiente na gestão do ex-prefeito Lisias de Araújo Tomé.
A denúncia é atual, mas remonta a um fato ocorrido quase oito anos atrás, quando o MP começou a investigar uma licitação de R$ 7,5 milhões para a contratação de uma agência de publicidade pela Prefeitura de Maringá. Em uma ligação telefônica interceptada com autorização judicial em outubro de 2011, os dois aparecem travando o seguinte diálogo com Fiewski:
Fiewski: Tá
Barros: Você viu que tem duas empresas só, né?
Fiewski: Sim, fiquei sabendo ontem.
Barros: Tá, então primeiro fica a minha preocupação, né. Que os caras não podem ter montado um negócio desses, né. Que era para ser filha única só, concorrente único. Então, inicialmente, o requisito não cumpre isso. Então, eu não gosto de coisa de amador, sabe Léo. De qualquer forma, você, por favor, vê se faz um entendimento aí.
Fiewski: Ia ficar muito ruim, né. Muito ruim.
O promotor Pedro Ivo Andrade, responsável pelo caso, explicou que propôs a ação somente agora porque a promotoria estava com outros inquéritos civis que apuraram gastos que a Prefeitura de Maringá teve com a publicidade entre 2005 e 2011. Conforme o MP-PR, os inquéritos tinham relação com esse processo.
"Na época, pelas próprias reportagens veiculadas, o deputado, em uma entrevista coletiva, disse que o motivo da intervenção dele na licitação da publicidade era porque os gastos com publicidade pela Prefeitura interessavam para o processo eleitoral. Por isso, o MP-PR entendeu que isso configurou improbidade administrativa, na medida em que há violação dos princípios que regem a atividade da administração pública", explicou.
Procurado, o deputado Ricardo Barros disse que "lamenta que o Ministério Público não tenha a coragem de arquivar denúncias sem fundamento. Em oito anos não foi encontrada uma só prova de materialidade dos fatos e não há um real sequer de prejuízo ao erário". E acrescentou que "é uma lástima que o Ministério Público reaja assim às críticas que se faz aos seus privilégios como representante do povo". Já Fiewski não foi localizado para dar sua versão.