Viés político distorce debate sobre o massacre de Suzano
Termo de origem grega, política tem duas definições correlatas entre si: no atacado, a ciência da governança de um Estado ou Nação; no varejo, a arte da negociação para compatibilizar interesses. Fiquemos nesta última, que nos últimos anos, no Brasil, virou uma espécie de jogo do "quem pode mais, chora menos". E principalmente do "quem pode menos, chora mais", na medida em que a oposição, quase sempre diminuta, mas dos mais variados partidos, é a que mais barulho faz com o intuito de jogar a população contra os governantes de plantão e tentar a sorte na eleição seguinte.
Boa parte da chamada grande mídia se dedicou nas últimas 24 horas a estabelecer uma relação mal intencionada entre o massacre de ontem na Escola Raul Brasil de Suzano (SP) com a atitude do novo governo de "rasgar" o Estatuto do Desarmamento e devolver aos brasileiros em geral o direito de andar armado. "Especialistas" escolhidos a dedo foram consultados sobre o tema e, sem surpresa, a maioria traçou um futuro repleto de tragédias como essa com a flexibilização do porte de arma.
Mas neste mundo de loucos também há pessoas lúcidas. Prova disso é um breve comentário postado sem assinatura nas redes sociais, intitulado "Luto nacional" e com o seguinte teor:
"Agora todos ficam querendo saber o motivo de tanta violência...
Será que no fundo já não sabemos???
Os pais não são mais autoridade para seus filhos;
Os professores não são mais autoridade para seus alunos;
Vivemos dias de liberdade ampla e sem restrições onde tudo é liberado e permitido;
Somente direitos, direitos, direitos, nada de deveres ou cobranças;
Hino ou bandeira é ofensivo, disciplina e hierarquia é tortura;
Baile funk é cultura, onde jovens usam drogas, fazem sexo na rua, perturbam o sossego das pessoas e o direito de ir e vir, mas se a polícia impedir é repressão;
Jogos de vídeo game onde se ganha ponto roubando ou matando velhinhos ou policiais, e achamos tudo isso legal e normal;
Lei da palmada;
Será que não sabemos mesmo o motivo dessa barbárie???
Ou vamos continuar procurando uma resposta que já está explícita!?"
(Foto: Ueslei Marcelino/Reuters-AGBR)