Desvio milionário torna o HU de Londrina um caso de polícia
A Polícia Civil do Paraná cumprirá na manhã desta terça-feira (12) oito mandados de busca e apreensão e cinco de sequestro de bens de supostos implicados em um esquema de corrupção que gerou um prejuízo superior a R$1 milhão ao Estado. A organização criminosa era comandada por uma servidora pública de 55 anos, responsável pela Secretaria da Diretoria Clínica do Hospital Universitário de Londrina. As informações são da Folha de Londrina.
No decorrer da ação, devem ser apreendidos um Hyunday Santa Fé, um Aircross 1.6 Shineiat, um Fiat Strada Advent Flex, um C4 Cactus 1.6 Thp Shine e um Fiat Toro Volcano, dentre outros bens.
As investigações tiveram início em outubro do ano passado, a partir de denúncias do TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado do Paraná), mas a servidora considerada chefe do esquema faleceu naquele mesmo mês, antes de ser ouvida. Ela era suspeita de fraudar processos de licitação para a contratação de serviços médicos por meio de empresas terceirizadas, gerando assim pagamentos indevidos.
Conforme apurado pela polícia, a servidora copiava o Registro Demonstrativo de Frequência de Trabalho de um médico contratado por uma empresa lícita e lançava junto no processo de pagamento de uma empresa que era de propriedade do companheiro de um de seus filhos, um homem de 26 anos, também envolvido no esquema. Ou seja, o mesmo trabalho era lançado duas vezes, o verdadeiro e o fraudulento.
De acordo com as diligências, o namorado do filho da servidora ainda lançava notas fiscais com valor superior aos serviços prestados por médicos legalmente contratados, para que ela pudesse justificar os gastos ao Estado.
Também em 2018 a empresa de uma médica recém-formada, de 29 anos, também envolvida no esquema, que era responsável técnica na empresa do genro da servidora, ganhou um pregão licitatório para prestação de serviços médicos. Desta forma, as fraudes continuaram a acontecer da mesma maneira, porém os lançamentos irregulares passaram a ser realizados em nome das duas empresas - constituídas apenas para fraudar procedimentos licitatórios e roubar dinheiro do Estado.
No decorrer das investigações, a polícia descobriu, ainda, que há suspeitas do envolvimento de uma terceira empresa no esquema criminoso. Esta teria recebido um pagamento no valor de R$295 mil e repassado, a pedido da servidora, ao seu genro e à médica recém-formada. A empresa prestava serviços ao Hospital Universitário na contratação de médicos anestesistas e teria repassado esse valor para os envolvidos, alegando que eles haviam sido contratados por meio dela para trabalhar no hospital. A médica envolvida não tinha especialização na área e o genro da servidora não tem formação em Medicina, pois na verdade, era estudante de Veterinária.
Também são investigados o marido e o filho da referida servidora, o irmão de seu genro e a ex-diretora clínica e superintendente do Hospital Universitário de Londrina, que atuava na época em que ocorreu a maior parte do desvio da verba pública. A Justiça concedeu a quebra de sigilo fiscal e bancário de todos os envolvidos para auxiliar na investigação. Todos foram indiciados por peculato, falsificação de documento público, fraude à licitação, organização criminosa e lavagem de capitais.