Nota de R$ 100 perde mais de 83% de seu valor em 25 anos
Lançado em 1º de julho de 1994 para enfrentar uma inflação que no ano anterior havia atingido o índice absurdo de 2.700%, o Plano Real contribuiu de forma decisiva para recolocar a economia brasileira em um patamar próximo da estabilidade. Com ele veio o real, a mais nova moeda brasileira e que daqui a menos de cinco meses estará completando 25 anos em circulação.
Engana-se, no entanto, quem pensa que aquele pacote econômico lançado por Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda do Governo Itamar Franco, fez desaparecer de vez o apetite voraz e temido dragão da inflação.
Para chegar a essa conclusão basta fazer uma conta tendo por base a nota de R$ 100, que ao ser lançada valia mais que o salário mínimo da época, fixado em R$ 64,79. Passados praticamente 25 anos, hoje ela vale o equivalente a R$ 16,75 da época e são necessárias praticamente dez delas para pagar o mínimo, que está fixado em R$ 998.
Cálculo do matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho com exclusividade para a coluna "O que é que eu faço, Sophia?", do portal R7, mostra que a inflação de 1º de julho de 1994 até 1º de fevereiro de 2019 somou 496,88%. Isso significa que para adquirir a mesma quantidade de mercadorias e serviços que R$ 100 compravam em 1994, hoje o consumidor precisa desembolsar R$ 596,88, valor quase seis vezes superior.
"Quem tivesse guardado R$ 1 milhão no colchão em 1994, que na época compraria um apartamento ultra luxuoso, com a desvalorização da moeda teria o equivalente a R$ 167.500, que hoje não dá nem um apartamento popular", analisou o matemático. Já quem tivesse colocado o mesmo valor em uma caderneta de poupança, teria hoje mais de R$ 12 milhões - para ser exato, R$ 12.608.957,00.
"Se durante todos esses anos o real perdeu 83,25% do seu poder de compra, no período de apenas um ano na época da hiperinflação o Brasil perdeu muito mais do que isso", esclareceu o professor. "Basta lembrar que, apenas em um mês, de 1º de março de 1990 a 1º de abril de 1990, a inflação oficial foi de 84,32%", acrescentou, para arrematar dizendo que "é uma vitória que a moeda tenha mantido poder de compra mesmo depois de tantos anos".