Volta ao passado?
J. J. Duran
Por ocasião da recente eleição da nova mesa diretiva do Senado, as imagens televisivas nos fizeram viajar entre o passado recente e o novo tempo. Estarrecedor para alguns e um tanto "natural" para outros foi ver a grosseira irracionalidade no cenário maior da República, representada por uma respeitável senhora e outros coadjuvantes tomando papéis das mãos daquele que em seguida seria ungido pelo voto majoritário como presidente do sodalício.
Diminuir a grandeza história do Senado no início da gestão republicana dos recém-eleitos ou reeleitos com discurso ancorado na necessidade de restauração da moral e da ética política foi um ato que entristeceu a muitos que sonhavam com a volta do respeito entre os representantes do povo, alguns dos quais fizeram do Senado uma espécie de palco circense.
O histrionismo com postura prepotente e desafiadora e a surdez intelectual demonstrada na tentativa de fraudar a votação foi parte do script barato escrito para desmerecer um instante supremo da democracia.
A mensagem com proposta reparadora da vida política e dos costumes históricos forjadores da nacionalidade foi substituída por esses pretensos donos do poder por cenas depreciadoras de um Parlamento com imagem já seriamente comprometida.
O mundo inteiro, e mais especialmente os nossos irmãos da indo América, ficaram chocados com os atos depreciáveis dessa eleição e que deram a impressão de que as flores do novo tempo social e político prometido murcharam antes mesmo de florescer.
Foram cenas extremamente frustrantes para um povo que depositou nas urnas o voto da esperança de que um novo tempo estava se iniciando para a vida institucional brasileira.
Na verdadeira democracia, distante devemos colocar o partidarismo político e as diferenças que entre nós possam existir, e para perto devemos trazer a verdadeira racionalidade.
Se quisermos, poderemos inaugurar no Brasil o tempo da reconstrução moral da indo América. Só aqueles que viveram as angústias da irracionalidade sabem das feridas que não cicatrizam. E não voltar ao passado é a missão sagrada desta hora.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras