Glifosato não é cancerígeno, concluem técnicos da Anvisa
"Não há evidências científicas de que o glifosato cause danos à saúde além dos demonstrados em testes de laboratório com animais", declarou Alessandra Soares, diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ao falar sobre um estudo técnico concluindo que, ao contrário do que se dizia, esse produto seria cancerígeno.
A equipe de análise de riscos da Anvisa apresentou nesta terça-feira (26) as conclusões aos diretores da agência, que votaram por colocá-los em uma consulta pública de 90 dias antes de uma decisão final. Os resultados, se aprovados, deverão permitir a continuidade das vendas desse herbicida, que é o mais consumido no Brasil.
Empresas como Bayer AG e sua unidade Monsanto, que produzem pesticidas à base de glifosato, enfrentam disputas judiciais relacionadas a alegações de que o químico poderia causar câncer.
A Bayer vende o herbicida sob a marca Roundup, da antiga Monsanto, comprada pela companhia no ano passado, que historicamente tem sido a maior vendedora de produtos à base de glifosato no Brasil.
A Monsanto foi condenada a pagar US$ 78 milhões em reparações depois que, no ano passado, um júri na Califórnia (EUA) chegou à conclusão de que seus produtos causaram câncer em um homem e a empresa não conseguiu alertar os clientes sobre os perigos de seu uso. E outro júri será realizado nesta semana.
A França e a Alemanha estão tentando reduzir o uso do produto químico. Em um estudo publicado no início deste mês na revista Mutation Research, acadêmicos norte-americanos associaram a alta exposição a produtos à base de glifosato ao linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer no sangue.
Apesar de a agência ter definido o herbicida como não-cancerígeno, os analistas da Anvisa dizem que os riscos para a saúde permanecem para aqueles expostos à substância quando ela está sendo aplicada às plantações e sugeriram novos limites à exposição.
A Anvisa propôs uma ingestão máxima diária em limites de 0,5 miligramas por kg de massa corporal para a população geral e 0,1 miligramas para trabalhadores rurais que utilizam o químico. Anteriormente havia apenas limites de exposição crônica, sem limites diários. A agência também recomenda o banimento de produtos vendidos com concentrações acima de 1% do ingrediente ativo glifosato e a adoção de práticas de aplicação mais seguras para limitar a exposição. (Foto: Revista Globo Rural)