Campo em alerta: tecnologia PRO3 não está resistindo aos ataques da lagarta do cartucho
O agricultor Raijan Mascarello, de Sapezal (MT), vive um drama, que, segundo ele, vem se propagando como um rastilho de pólvora, nos milharais desta safrinha em Mato Grosso e Centro-Oeste. A tecnologia embarcada na semente PRO3 não estaria cumprindo a promessa de resistir aos ataques da lagarta do cartucho, a Spodoptera frugiperda.
Na safrinha anterior, Raijan teve uma boa experiência com esta semente. "Resistiu bem, rendeu a média de 147 sacas por hectares. Acreditei no compromisso da Empresa e repeti a dose este ano, mesmo pagando praticamente o dobro de uma semente convencional. Reservei apenas os 10% de refúgio", diz.
De toda a área de 5.600 hectares, 40% encontram-se em fase mais adiantada e é nestes talhões que as lagartas do cartucho estão fazendo a festa, sem que a tecnologia PRO3 ofereça qualquer resistência.
"Quando detectamos o problema, já era tarde para um controle químico eficiente, devido ao estágio de desenvolvimento da lavoura e das lagartas. Agora estamos em regime de plantão, aplicando diferentes produtos, mas quando a lagarta está encartuchada, fica muito mais difícil. Além do elevado custo da semente, ainda estamos sendo forçados a investir nestas aplicações, que seriam desnecessárias, se a semente entregasse a resistência prometida pela fornecedora", diz.
Segundo Raijan, toda a lavoura foi plantada dentro da janela recomendada para a região. Percebendo a deficiência, Raijan já entrou com aplicações contra a lagarta nos restantes 60% da lavoura que estão em estágio menos adiantado. "Com isto, a gente consegue minimizar os prejuízos, mas o custo final será muito maior", diz.
Nos primeiros contatos, representantes da detentora da tecnologia teriam admitido o problema de perda de resistência à lagarta do cartucho, mas não estariam propensos a assumir responsabilidade pelos danos. "Se ao menos eles tivessem alertado para esta deficiência, a gente teria tomado as providências em tempo", diz.
Em suas contas, a lagarta deve reduzir algo em torno de 30% da produção esperada nos talhões afetados (40% da área plantada). Segundo ele, o problema se alastra entre vizinhos e todo o Centro-Oeste.
No final da noite de ontem, nas mídias sociais, Raijan postou vídeo da lavoura, que registra a ação das lagartas. Na apresentação, escreveu: "mais um pouco da tecnologia PRO3, vendida como resistente a lagartas. É de chorar! Prejuízos imensos. Tá Complicado!. Em vez de vir com resistência, veio com vitaminas pras lagartas. Precisamos de respostas convincentes da empresa detentora da tecnologia!".