Receita Federal diz que não há nada errado com Gilmar Mendes
O secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, sinalizou que a análise fiscal sobre o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), não identificou irregularidades. "Aquilo está tranquilo. Não tem problema algum", respondeu ele ao ser indagado sobre a notícia de que ofício enviado pela Receita à PGR foi concluído e "não encontrou nada".
Cintra também avaliou que houve um "vazamento lamentável" sobre o caso e que é preciso "saber de onde e como vazou". "As ações punitivas vão acontecer", garantiu.
Como mostrou o jornal Estadão, o vazamento da investigação envolvendo o ministro resultou de um "erro básico" cometido por um auditor. A falha fez com que dois contribuintes tivessem acesso à íntegra da apuração sobre agentes públicos conduzida pelo Fisco.
O caso envolvendo Gilmar começou em março de 2018, quando a Receita criou a Equipe Especial de Programação de Combate a Fraudes Tributárias para mapear agentes públicos com algum tipo de suspeita tributária.
Auditores relataram que, nos casos apurados pelo grupo, a investigação não começou pelo agente público, mas por contribuintes relacionados a ele. Assim, a Receita intimou pessoas ligadas a Gilmar para dar explicações. A praxe é o contribuinte acionado ser intimado para fornecer informações por meio de um sistema eletrônico. Ele recebe uma senha para inserir informações. Entretanto, no caso do ministro, o auditor responsável, em vez de abrir ao contribuinte apenas o espaço para manifestações, deu acesso a todo o material produzido pela EEP Fraude.
"Os dossiês foram disponibilizados incorretamente, sem a função de proteção por sigilo, para que fossem anexados os documentos destinados a atender intimação fiscal destinada a esclarecer elementos necessários para a tomada de decisão de abertura ou não de procedimento fiscal", afirmou a Receita em nota enviada à Procuradoria-Geral da República.
Segundo a nota, "em dois casos identificou-se que os contribuintes extraíram cópias integrais dos dossiês com a análise fiscal completa do contribuinte alvo de circularização e outros contribuintes não relacionados, entre os quais o ministro do STF".
A investigação tributária envolvendo Gilmar desencadeou um movimento entre parlamentares e integrantes da Corte por um projeto de lei que restrinja a atuação do Fisco. (Foto: O Globo)