Os generais de pijama
J. J. Duran
No Brasil, as Forças Armadas são respeitadas e conceituadas pela sociedade civil como instituições meritocráticas. Esse galardão é fruto do seu respeito ao sistema democrático que, pós-1985, devolveu ao País o exercício pleno da liberdade que constitucionalmente tem o povo.
No período reflexivo, aquietadas as paixões lógicas que moveram civis e militares durante o tempo do autoritarismo, a sociedade teve que reconhecer que na democracia o segmento político tinha diferenças fundamentais em relação às Forças Armadas.
Os militares, por formação e disciplina, são muito mais competentes que os políticos nas suas gestões. No militarismo não existiu, pelo menos na mesma extensão, a sistemática reiteração da corrupção que hoje segue sendo estigma para o sistema político que governou o País após a volta dos militares à caserna.
A eleição do ex-capitão paraquedista Jair Messias Bolsonaro como presidente da República foi o resultado de várias causas. E a primeira e principal delas foi a descrença da sociedade naqueles políticos que fizeram do erário fonte sistemática de enriquecimento ilícito, violando as instituições republicanas e traindo o povo que os viu como mensageiros de um tempo de justiça social.
Não por acaso, ao lado da Igreja, as Forças Armadas seguem sendo as instituições com maior credibilidade dentro de um quadro moralmente desprestigiado. Por isso Bolsonaro montou seu gabinete ministerial com 17 generais quatro estrelas e de reconhecida aptidão para gerenciar grandes organismos.
É visível que, com isso, o presidente buscou blindar-se neste difícil caminho pelo comprometimento das forças militares com a missão de recompor moral e materialmente a República.
Mas é bom termos em mente que os fracassos estratégicos, econômicos e geopolíticos deixados como herança pelo populismo não poderão ser sanados no curso prazo. Além disso, ainda é cedo para prognosticar se esses generais terão suficiente jogo de cintura para suportar as diferentes fases e dificuldades que permeiam a política.
Longe de mesquinhas e interesseiras ideologias, o momento exige de todos um esforço descomunal para recuperar a credibilidade perdida e tornar o Brasil novamente o colosso verde-amarelo da América do Sul.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras