Décadas depois, transporte coletivo volta ao Calçadão
Iniciado de forma precária ainda na década de 1960, à época com o uso de peruas, regulamentado exatos dez anos mais tarde por meio de lei sancionada pelo então prefeito Octacílio Mion (in memorian), mas com itinerário e frequência definidos apenas em 1980, na gestão de Jacy Miguel Scanagatta, o transporte coletivo urbano de Cascavel passou neste sábado (15) por mais uma mudança, a mais radical de todas.
O Alerta Paraná consultou várias fontes e nenhuma delas soube precisar quando os ônibus deixaram de circular no trecho da Avenida Brasil que passa pelo coração da cidade, por isso a informação carece de precisão, mas todas responderam que isso ocorreu no início dos anos de 1980. Sendo assim, conclui-se que essa mudança (a volta do transporte à área do Calçadão) veio quase quatro décadas mais tarde.
Mas essa não é a única e nem a principal mudança percebida pelos usuários do sistema de transporte coletivo, cuja reformulação foi feita com base na nova política internacional de mobilidade urbana, que busca priorizar o centro das cidades às pessoas e não aos automóveis. Nas três principais avenidas (Brasil, Tancredo Neves e Barão do Rio Branco) os ônibus circulam agora em 14,4 km de faixas exclusivas, o que dá mais celeridade ao sistema.
Seguindo o conceito chamado THQ (Transporte Humanizado de Qualidade), as mudanças realizadas impactam a vida não só dos passageiros do transporte coletivo, mas também de motoristas, pedestres e ciclistas.
Além da construção de terminais de transbordo adequados ao sistema, 41 novos ônibus estão em circulação - 30 deles atendem exclusivamente as avenidas Brasil, Tancredo Neves e Barão do Rio Branco e os demais em vias estratégicas dos principais bairros.
Outra novidade é a integração temporal na Estação Central, em frente à Catedral Nossa Senhora Aparecida. Nela, o passageiro pode trocar de ônibus sem pagar uma nova passagem, desde que passe na catraca do coletivo seguinte dentro de um determinado período de tempo para seguir até o seu destino.
ACONCHEGO
"Nosso objetivo é oferecer um serviço aconchegante, pois é o trabalhador que usa este transporte. Poucas pessoas pegam ônibus para fazer turismo. Elas usam para o trabalho. Então, o sistema precisa ser humanizado e dar prioridade ao cidadão", diz o prefeito Leonaldo Paranhos, reconhecendo a necessidade de um período para que a população de uma forma geral possa se acostumar ao novo sistema.
"Temos convicção de que nos primeiros 30 dias, pelo menos, passaremos por um período de adaptação e os apontamentos da população que fizerem sentido e forem necessários para melhorar a qualidade do transporte, avaliaremos e atenderemos", adianta ele, ressaltando também a criação de 26 novas linhas para integrar o terminal Sudoeste, que até agora que não fazia parte do sistema.
Um questionário de satisfação será feito para ouvir os cascavelenses, que terão a oportunidade de participar da mudança de forma ativa, colaborando para o sistema atender aos objetivos propostos. "Por enquanto estamos abrindo mão da velocidade, para que possamos dar conforto e segurança para todas as pessoas que farão parte do sistema, desde o passageiro, o pedestre, o ciclista e os próprios motoristas que precisam se adaptar às novas regras nas principais avenidas", finaliza Paranhos.
ORIENTAÇÃO
A Cettrans desenvolveu ao longo da semana diversas ações educativas para orientar motoristas e pedestres e reforçar que o novo sistema contempla não só faixas exclusivas para os ônibus, mas também ciclovias, ciclofaixas, faixas para segurança de pedestres, calçadas e espaços destinados aos veículos motorizados, além de equipamentos de convivência nos canteiros centrais e bicicletários.
Esse esforço visou conscientizar para um trânsito humanizado com informações e conhecimentos sobre o Código de Trânsito Brasileiro, que no artigo 184, III, prevê regras de utilização do sistema para que a cidade seja sustentável, moderna e com bom nível de mobilidade urbana. (Foto: Secom)