Paraná vislumbra potencial enorme com a agricultura 4.0
Internet das Coisas (IoT), big data, robótica, drones, startups, tecnologia embarcada, processamento de dados... Um vocabulário que há cinco anos jamais estaria associado à agricultura brasileira. Mas numa velocidade impressionante - até pelo momento que vive o País em relação à dependência do agro - a setor se tornou, digamos, "digital", ou como denominam os especialistas: a tal "agricultura 4.0", uma realidade sem volta, conforme reportagem de Victor Lopes na Folha de Londrina.
E não se trata apenas de um termo moderno, sem fundamento. O campo está passando por uma revolução que já está transformando a cadeia para os próximos anos. Os números são prova disso. A tecnologia aplicada, associada a outros fatores, permite projeções otimistas. De acordo com estudo realizado pelo MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação), a estimativa é de que, até 2025, o impacto do uso de IoT no campo alcance entre US$ 5 bilhões e US$ 21 bilhões. Outro estudo divulgado recentemente pela consultoria Berg Insight, aponta que o mercado global de agricultura de precisão deve chegar a US$ 8 bilhões até 2022.
O Paraná, sem dúvida, está de olho em todo esse cenário e, podemos dizer, é precursor em algumas ações. A prova do olhar atento a esse movimentação em cima da agricultura 4.0 é que recentemente o empresário e engenheiro agrônomo, George Hiraiwa, assumiu a Seab (Secretária de Estado da Agricultura e Abastecimento). O novo secretário da Agricultura foi o idealizador do primeiro hackathon do Brasil voltado para o agronegócio, que aconteceu em Londrina há dois anos durante a ExpoLondrina. Hoje uma realidade dentro da SRP Valley. Ele também está à frente de algumas ações nacionais, como a plataforma AgTech, cujo o objetivo é criar um ambiente único de interação entre os ecossistemas de inovação em agricultura e pecuária no Brasil. Sem dúvida, a agricultura digital é uma das grandes bandeiras do novo secretário.
CONCEITUAÇÃO
Antes de tudo, é preciso conceituar agricultura digital. O termo "4.0" foi importado da "4ª Revolução Industrial", que se baseia na conectividade e união de sistemas de produção e gestão. "Quando dizemos que a agricultura é digital, é porque se trata da forma mais rápida e eficiente de transmitir dados. Por meio da conectividade, coletamos informações que vão se transformar em inteligência para tomada de decisões. Temos agricultura de precisão, IoT, tecnologias embarcadas em drones, tudo isso conversando entre si, numa central de processamento de dados", explica Sérgio Marcus Barbosa, engenheiro agrônomo e gerente executivo da ESALQTec, a Incubadora Tecnológica da Universidade de São Paulo (USP).
Hiraiwa salienta que é obrigação do governo fazer esse fomento da agricultura 4.0 no Estado, mas trazendo resultados finais contundentes. "Não adianta nada partirmos para uma agricultura 4.0, de grande abrangência, se não trouxermos benefícios para o produtor. Temos de trazer eficiência para o campo com auxílio da ciência e da inteligência, em que possamos produzir mais com menos. Esse é o grande lance".
Outro ponto fundamental, segundo ele, é como todo esse cenário tem atraído jovens de outras áreas para o agro, como da Tecnologia da Informação (TI), engenharia mecatrônica, mecânica, entre outras. "Há pouco tempo, não tínhamos Uber, AirBNB, por exemplo. A velocidade para adoção de tecnologias é muito forte, inclusive no campo. Nossa expectativa é que fazendo todo esse barulho é que os jovens do campo também olhem para a profissão dos seus pais com outros olhos, vendo a tecnologia acontecer", conclui. (Foto: Meu Agronegócio)