Sem medo, Moro enquadra líderes do crime organizado
Com a mesma coragem com que atuou na Operação Lava Jato, que levou figuras de ponta dos setores político e empresarial brasileiros à prisão, Sergio Moro não demorou 45 dias como ministro da Justiça e Segurança Pública para impor limites aos chefes do crime organizado.
Isso ficou demonstrado nesta quarta-feira (13), quando detentos de alta periculosidade foram transferidos para presídios federais e entrou em vigor medida estabelecendo que, a partir de agora, eles só poderão receber visitas sociais em parlatório (quando há separação entre preso e visitante por um vídeo e comunicação por interfone).
TRANSFERÊNCIA
O chefe máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola (foto), está entre os 22 líderes transferidos das penitenciárias de Presidente Venceslau e Presidente Bernardes, ambos de São Paulo, para os presídios federais de Brasília, Mossoró e Porto Velho - os de Catanduvas e Campo Grande foram descartados por causa da proximidade com a fronteira.
A transferência foi determinada pelo juiz Paulo Sorci com o aval de Moro depois da descoberta, no fim do ano passado, de um plano de fuga desses líderes em uma operação que contaria com a contratação de mercenários equipados com fuzis, lança-granadas e metralhadoras calibre .50, além de aeronaves.
Marcola está condenado a mais de 330 anos de prisão pelos crimes de homicídio, tráfico de drogas, formação de quadrilha e roubo. Ele é apontado como o número um do PCC, organização à qual também pertencem os outros 21 detentos transferidos.
VISITAS
Também hoje, saiu publicada no Diário Oficial da União uma portaria assinada por Sergio Moro com regras mais rigorosas para visitas a detentos dos presídios federais de segurança máxima. Pelo texto, as visitas sociais nesses locais agora só poderão ser feitas, em regra, em parlatório ou por videoconferência.
A portaria estabelece que elas serão destinadas exclusivamente a manter "laços familiares e sociais", devem ocorrer "sob a necessária supervisão" e poderão ser feitas por "cônjuge, companheira, parentes e amigos". De agora em diante, só poderão receber visitas no pátio os presos que tiverem feito acordo de delação premiada ou ótimo comportamento por 360 dias ininterruptos. (Foto: Arquivo)