O engodo esquecido
J. J. Duran
O eleitor não deve subestimar a imensa responsabilidade que pesa sobre o seu voto. Em períodos eleitorais anteriores a maioria elegeu, em conluio com membros imprestáveis da sociedade política, figuras que coadjuvaram o aparecimento nefasto, na vida e na história da República, de biografias inteiramente desqualificadas.
Nesta hora cheia de perplexidade pós-chegada do liberalismo com sua oferta de crescimento gradual e sustentável, a República observa fartas privatizações do paquiderme aparato público, patrocinadas por um populismo messiânico que jogou por terra as bandeiras de resguardo da ética e protagonizou um verdadeiro assalto à lealdade e à dignidade declamadas em palanque, protagonizando um reformismo amoral, carente de poder legitimado pelas urnas e repudiado pela imensa maioria.
Tudo se fez com o chamado voto cego do eleitorado menos esclarecido politicamente. Os candidatos mentiram, intrigaram, mistificaram e roubaram não só bens materiais, mas também a esperança dos incautos. Empobreceram moralmente a sociedade, criando um amplo abismo entre as classes que a formam e que hoje testemunham a inferiorização de um país com destino de potência agora arruinado por um poder desastrado.
Equivocam-se os que pensam que no pleito de outubro vindouro poderão seguir embarcando em aventuras. Engodo, corrupção, hipocrisia e mediocridade são forças precárias vindas dessa infame natureza.
Muitos óbices apareceram no quadrante político brasileiro na última década. A começar por tristes figuras dos políticos sem preparo, sem ética e sem ideologia, que de sindicalistas e ex-operários se converteram em deslumbrantes empresários enriquecidos pela trapaça.
Urge recobrar os sentidos e a memória para que sutis campanhas midiáticas não façam cair no esquecimento as profundas e dolorosas feridas deixadas por estes mercadores da malandragem.
A hora é grave e as decisões têm que ser tomadas com grandeza, ou então deixaremos escapar a grande oportunidade que temos para banir da vida pública os políticos corruptos, tartufos impiedosos do pesadelo que vive o Brasil.
Saibamos votar. Lembremos o passado recente e não deixemos que a mentira uma vez mais fraude a verdade.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras