Davos
J. J. Duran
Informar a mídia sobre determinada coisa é deliberadamente desinformar. Escrever colocando somente o que agrada o eleitor desnaturaliza o jornalismo e rebaixa estupidamente a sociedade leitora que procura, na imprensa escrita, a realidade dos fatos, das atitudes e dos personagens. A respeito dessa atitude tacanha e minoritária, um velho colega diz que isso é como dizer "me engana que eu gosto".
A demagogia informativa leva a pensar que os leitores são basicamente impacientes e ávidos por ler o que eles acreditam ser a verdade. Errar é humano, declarou JFK, porém reconhecer o erro é admirável.
Neste tempo pós-eleitoral no Brasil o establishment traduz em clave civilizada os ditos e as atitudes do novo mandatário do País, o ex-capitão paraquedista Jair Bolsonaro.
Evaporou-se da mídia o estupor de ver que uma vez mais as famosas consultas à opinião pública, chamadas pesquisas, erraram voluntariamente a respeito dos verdadeiros sentimentos republicanos alimentados pela maioria do eleitorado.
Desapareceu a análise serena e profunda, nos jornais e no cenário político, da famigerada figura da maior instituição republicana que sustenta o regime democrático, o Parlamento. Suas desafortunadas ações resultaram no desprestígio de todo o sistema.
Por amadurecimento republicano e pelo altíssimo valor que dá à liberdade, a sociedade escolheu o seu destino pelos próximos quatro anos. Saído do baixo clero parlamentar, porém com límpida trajetória, Bolsonaro assusta a imprensa acrítica do passado recente.
Dirigentes políticos de eterno e fraudulento agir retocaram a maquiagem para enrolar-se nos ares triunfalistas do quase desconhecido partido político do novo presidente.
Assim, a informação política parece entrar na quebra da doutrina do peso e contrapeso essencial para a correta relação imprensa/sociedade. A notícia é verdadeira e válida quando deixa o preconceito de lado.
Bolsonaro viajou a Davos, berço da morada localizada na Avenida Promenade da paradisíaca Suíça, trajado politicamente como o presidente da República Federativa do Brasil, colosso indo americano no conceito globalizado.
Em Davos, os discursos e os gestos são medidos pelo capitalismo internacional de forma muito criteriosa. Nesse endereço os charlatães, por mais representação que ostentem, não são bem vistos. A verborragia não cabe nesse recinto onde, lamentavelmente, se decide os destinos da humanidade. Fez bem o nosso presidente em falar apenas seis minutos.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras