Descaso grave: País fiscaliza menos de 4% das barragens
O caso da barragem da Vale em Brumadinho (MG) era uma tragédia anunciada não só pelo descaso da própria empresa, que também responde pelo acidente com a barragem de Mariana, no qual 19 pessoas morreram em 2015. Também contou para este acidente, o maior da história do Brasil em número de vítimas, o descaso dos órgãos governamentais responsáveis pela fiscalização do setor.
Ao longo do ano de 2017, conforme o mais recente relatório disponível, apenas 780 barragens foram fiscalizadas no Brasil por 29 órgãos estaduais e pelas três agências reguladoras federais responsáveis por esse trabalho. O número corresponde a míseros 3,23% do total de 24.092 barragens existentes no País inteiro e utilizadas para diferentes fins, desde irrigação a exploração elétrica, passando por mineração, abastecimento, aquicultura, uso animal e contenção de resíduos industriais.
PRISÕES
No caso específico da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), ela não foi classificada como crítica pela Agência Nacional de Mineração no levantamento que originou o relatório. Mesmo assim, para "garantir" seu lado a Vale tinha relatórios periódicos de empresas privadas.
Foi com base nisso que a polícia cumpriu na madrugada desta terça-feira (29) ordens de prisão temporária (30 dias) expedidos pela Justiça de Minas Gerais contra dois engenheiros terceirizados, que foram localizados em São Paulo, e outros três funcionários da própria Vale, encontrados em Minas.
A Polícia Federal também participou da operação e cumpriu mandados de busca e apreensão em empresas prestadoras de serviços para a Vale. A ideia é apurar se documentos técnicos atestando a segurança da barragem que se rompeu no último fim de semana foram, de alguma maneira, fraudados.
BUSCAS
As buscas pelas vítimas da tragédia em Brumadinho entraram hoje no quinto dia, mas a esperança de localizar sobreviventes é praticamente inexistente. Até a noite de ontem haviam sido resgatados 65 corpos e 279 pessoas seguem desaparecidas. (Foto: Washington Alves/Reuters)