Nova tragédia em Minas Gerais gera perplexidade e indignação
Um misto de perplexidade e indignação toma conta do País desde a tarde de ontem, quando Minas Gerais foi castigada por mais um grave acidente envolvendo a indústria de mineração. O rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região Metropolitana de Belo Horizonte, tem todos os ingredientes para figurar entre as maiores tragédias do País, equivalente ou até maior que os incêndios do edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido em 1974 e que matou 191 pessoas, e da boate Kiss, no Rio Grande do Sul, ocorrido em 2013 e que matou 240 pessoas.
Na manhã deste sábado, quando as buscas foram retomadas pelo Corpo de Bombeiros, havia apenas nove mortes confirmadas, mas o número de desaparecidos era estimado entre 300 e 350. O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, informou que 427 funcionários estavam almoçando quando o refeitório da empresa foi atingido pela lama, mas apenas 279 foram resgatados com vida.
Se a falta de notícias levou desespero aos familiares dos desaparecidos, o descaso com a segurança gerou uma revolta generalizada entre os mineiros. Passados três anos do desastre causado pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, segue parado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais um projeto que endurecia as regras para criação e manutenção de barragens por empresas mineradoras.
Para complicar ainda mais a situação, em novembro passado a Vale foi autorizada a aumentar em 70% a mineração na região do acidente de ontem, mas com base nas regras antigas e que representam um risco iminente de novas tragédias.
A Polícia Federal já instaurou inquérito para investigar o caso e a Justiça mineira bloqueou R$ 1 bilhão da empresa para garantir a reparação dos danos às vítimas. (Foto: Corpo de Bombeiros)