Anormalidade, um fenômeno normal na política
J. J. Duran
Logo após sua eleição, o novo presidente do Brasil deixou de ser uma anormalidade do sistema político para se transformar na maior normalidade do cenário indo-americano. E essa mudança deve ser creditada ao momento em que os eleitores compreenderam que o gravíssimo quadro vivido pela República não permitia mais demoras e muito menos erros.
Logo após o atentado a Jair Bolsonaro, um grave ataque ao sistema democrático, a massa eleitoral percebeu que o então candidato deixou de ser uma anomalia do sistema para se converter na nova normalidade representativa para a maioria da população, que, cansada de opinar em voz baixa, levantou bandeiras, saiu às ruas e não sentiu vergonha de gritar em defesa de suas ideias e de seus ideais.
A fracassada globalização e as falhas democracias governantes em boa parte do jovem continente geraram líderes muito questionados, sem perfil ético e que, lutando contra o círculo da velha política, foram eleitos frente ao estupor daqueles que não conheciam a verdade.
Chegado o tempo líquido da geografia política mundial, Trump, Macri e agora Bolsonaro se converteram em triunfadores dos pleitos eleitorais nos EUA e na indo América.
A comparação dos fatos entre passado, presente e futuro sempre foi, é e continuará sendo parte fundamental de toda análise séria e isenta de bandeiras, revanchismos e viés partidário.
A História está cheia de micromomentos nos quais, de forma quase imperceptível, tudo na vida de um povo começa a mudar.
E um desses momentos é justamente o que estamos passando, no qual o relato da pós-modernidade, do pluralismo cultural e do gênero, ontem um primor para seus defensores, se vê escurecido pela reimplantação dos velhos, porém tradicionais valores, pela luta pelo retorno ao conservadorismo dos costumes, pela pentecostalidade religiosa e pela defesa do nacionalismo não como ideia, mas como verdadeiro ato de amor à Pátria.
Nestes tempos de fugazes euforias e esquecimento da temporalidade dos fatos, dos atores e das circunstâncias, é bom que nós velhinhos lembremos da juventude e não esqueçamos da volatilidade do pensamento das massas.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras