Gleisi apoia ditador Maduro e irrita a esquerda brasileira
Se pensava em se consolidar como líder da esquerda brasileira a partir da derrota do PT nas eleições presidenciais de outubro do ano passado, Gleisi Hoffmann deu um verdadeiro tiro no pé ao viajar à Venezuela para prestigiar, nesta quinta-feira (10), a posse de Nicolás Maduro para mais um mandato à frente daquele país.
"Gleisi está dando uma mãozinha para aqueles que querem liquidar a esquerda", protestou no Twitter a deputada gaúcha Luciana Genro, do Psol. "Só uma esquerda mofada para apoiar o Maduro a estas alturas", acrescentou ela, lembrando que "há muito tempo [o governo venezuelano] deixou de ser um governo progressista".
Cercada de manifestações de grupos favoráveis e contrários, a cerimônia de posse de Maduro foi conduzida pelo Supremo venezuelano, porque a Assembleia Nacional, que é dominada pela oposição, boicotou a eleição e não reconheceu a legitimidade da sua reeleição. A capital Caracas e as principais do interior estão tomadas de policiais e militares nas ruas.
JUSTIFICATIVAS
Antes da viagem, Gleisi emitiu nota dando várias razões para participar do ato, dentre elas "mostrar que a posição agressiva do governo Bolsonaro contra a Venezuela tem forte oposição no Brasil e contraria nossa tradição diplomática".
A presidente petista disse ainda ser inaceitável virar as costas ou tentar tirar proveito político de uma nação em dificuldades, e que o PT defende o "princípio inalienável da autodeterminação dos povos".
Vale lembrar que o Brasil e outros 12 países do Grupo de Lima não reconheceram a legitimidade da reeleição de Maduro. E vários outros da União Europeia e da OEA (Organização dos Estados Americanos) também não reconheceram o novo mandato.
MANDATO ILEGÍTIMO
Reunido extraordinariamente hoje, o Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovou declaração conjunta na qual diz que não reconhece a legitimidade do novo mandato de Nicolás Maduro. A iniciativa ocorreu logo após a posse de Maduro, em Caracas. "Saudamos o compromisso dos países das Américas reconhecendo como ilegítimo o regime de Nocolás Maduro. O povo da Venezuela não está sozinho, seguimos trabalhando para recuperar a democracia, os direitos e as liberdades de todos", afirmou logo depois o secretário-geral da OEA, Luís Almagro, via sua conta pessoal no Twitter. (Fotos: Jornal da Cidade)