Terroristas caçados pelo PY estariam vivendo no Paraná
Após décadas a fio de uma conduta que soava como cumplicidade principalmente com o tráfico de drogas e armas e o contrabando, o Paraguai mudou sua estratégia e passou a dar demonstrações concretas do desejo de unir-se ao Brasil na difícil tarefa de combater o crime organizado na América Latina.
Desde 15 de agosto do ano passado, data da posse de Mario Abdo Benítez como presidente, o país entregou quatro dos traficantes brasileiros mais procurados: Marcelo Pinheiro Veiga (Marcelo Piloto), Carlos Eduardo Sales Cardoso (Capilé), Alekis Barbosa (Bilão) e Fabio Souza dos Santos (Geleia).
Em troca, o Paraguai exige agora que o Brasil mande de volta Anuncio Martí, Juan Arrom e Victor Colmán, ligados ao braço paraguaio das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e que passaram a viver no Paraná em 2004 (e aqui estariam ainda hoje) sob a proteção do governo brasileiro, que lhes concedeu o status de refugiados políticos em uma decisão que levou ao estremecimento das relações entre os dois países na época.
Nesta quinta-feira (10) o vice-ministro paraguaio das Relações Exteriores, Hugo Saguier, se encontrará em Brasília com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para protocolar mais um pedido nesse sentido - outros cinco já foram feitos e negados pelos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. (Foto: Google)
CRIMES
Martí e Arrom (foto) são apontados como criadores do EPP (Exército do Povo Paraguaio), grupo que instalou bombas em prédios públicos, atacou bancos, invadiu fazendas, assassinou policiais e civis e faturou algo como US$ 5 milhões em resgates sequestrando empresários e parentes de autoridades. E Calmán seria outro integrante da cúpula do EPP.
A ideia do governo paraguaio é repatriá-los julgá-los inicialmente pelo sequestro de Maria Edith Debernardi, nora de um ex-ministro da Economia e mulher de um dos empresários mais ricos do país. Ela foi liberada em janeiro de 2002, após o pagamento de US$ 1 milhão segundo informado na época.
Entre outras supostas vítimas está Fidel Zavala, mantido 97 dias em cativeiro e libertado mediante um resgate de US$ 550 mil. E existe a suspeita de que eles também participaram do sequestro e assassinato de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente Raúl Cubas (1998-1999), fato de grande repercussão internacional ocorrido em 2005.