Estiagem deve fazer com que PR colha menos soja que o RS
A produção de soja do Brasil na safra 2018/19, em fase inicial de colheita, apresenta viés de baixa após o agravamento da estiagem em importantes regiões produtoras, com agentes do mercado cortando estimativas e não descartando um cenário "catastrófico" caso o clima não melhore.
Para a INTL FCStone, o país deve produzir 116,3 milhões de toneladas da oleaginosa neste ciclo, um corte de cerca de 4 milhões de toneladas, ou 3,3% abaixo da previsão de dezembro.
Já a Aprosoja Brasil vê um volume ainda mais baixo, entre 110 milhões e 115 milhões de toneladas, após perdas consolidadas no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Também houve estresse hídrico no Mato Grosso, Goiás e na fronteira agrícola composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde as perdas ainda precisam ser calculadas. "Há algumas regiões com mais de 30 dias sem chuvas e outras com nível muito baixo... Se o clima não melhorar nos próximos dias isso pode ser catastrófico", disse à Reuters o presidente da Agrosoja Brasil, Bartolomeu Braz.
Antônio Galvan, presidente da Aprosoja em Mato Grosso, também concorda com "perdas significativas". "O clima é sempre o que manda... É só dele que vai depender se a safra vai ser grande, pequena ou mais ou menos... A seca é complicada".
Seja como for, a tendência que se firma é de que o Brasil não superará nesta safra de soja o recorde de 2017/18, de 119,3 milhões de toneladas.
No Paraná e no Mato Grosso do Sul as plantas acabaram sendo afetadas em fases chave de desenvolvimento. Isso, inclusive, pode levar o Paraná a perder o posto de segundo maior produtor de soja para o Rio Grande do Sul nesta temporada - Mato Grosso é o maior produtor. Em dezembro, a safra paranaense estava estimada em 19,5 milhões de toneladas e agora a previsão é de 16,95 milhões de toneladas.
O estrago provocado pelo clima mais do que atenua o plantio histórico de 36 milhões de hectares, afirmou a INTL FCStone. Segundo a consultoria, a produtividade deve ser de 3,23 toneladas por hectare, ante 3,35 toneladas na previsão anterior e 3,39 toneladas em 2017/18. (Foto: Faep)