2019, ano da esperança?
J. J. Duran
Cada novo ano traz ao espírito a renovação da esperança nas transformações tão prometidas e esperadas e nos convida a sepultar lembranças dolorosas do ano que se foi, levando nas suas páginas as brumas da violência irracional, do desencanto com a corrupção praticada por muitos homens públicos que, ávidos por dinheiro fácil, perderam a dignidade.
Nós indo-americanos trazemos no sangue a resistência a todos os tipos de adversidade. Sempre enfrentamos a fatalidade do destino e as contingências adversas da vida com um olhar esperançoso no futuro. As calamidades não nos amedrontam, ao contrário, servem como desafio à nossa determinação.
Nos momentos da crise mais severa, mais nos unimos fraternalmente. As contingências deploráveis do cenário republicano não nos abatem, ao contrário, nos fortalecem o caráter e nos aguçam a inteligência na busca da verdade e da honestidade. O trabalho nos motiva a realizar o milagre de enfrentar as desilusões, suportar a mentira e converter as lágrimas da desolação nos cânticos alegres das colheitas.
Olhamos nosso futuro desde esse presente carregado de boas intenções que nos convoca para o sagrado serviço da recuperação moral e cívida das causas eu permitem fazer da justiça social não somente farto alimento para o núcleo do poder dominante, mas uma justa realidade sobretudo ao povo mais humilde.
Há muitos lustros em terras platinas gritamos com a voz rouca da juventude dissidente pela reconquista da moralidade republicana, pelo direito do povo em reclamar trabalho e salário digno e pela opressão daqueles que ocultaram o diálogo para impor a força.
Neste fim outonal nonagenário de uma existência coroada pelos fracassos comuns a todo homem, quero expressar com palavras de esperança a todos aqueles que formam o sinistro cortejo dos desempregados, dos sem-teto, dos sem-família, enfim, de todos os esquecidos.
Precisamos esquecer a traição dos governantes que usaram nosso voto para enriquecer com dinheiro podre suas contas bancárias. Esquecer as perversas e antigas anomalias e olhar para o horizonte que nos leve à redenção moral das instituições e dos governantes temporais.
Como todo homem vindo de terras estrangeiras, sigo hipnotizado pela mágica fraternidade que sugere uma grande Pátria comum. A brasilidade cada dia se firma mais no coração deste velho dissidente.
Há mais de 200 anos Tiradentes, o herói enlouquecido de esperança, nos deixou esta mensagem: "Se todos quisermos, poderemos fazer deste País uma grande Nação".
Que 2019 seja um ano feliz para todos. (Ilustração: depositphotos)
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras