Governo estuda liberar venda de álcool diretamente para os postos
A venda de etanol hidratado (álcool combustível) diretamente do produtor para os postos de combustível ajudaria a baratear os combustíveis e a aumentar a concorrência com a gasolina nos veículos de motor flex (que funcionam com os dois tipos de combustível). A conclusão consta de relatório a equipe que irá comandar o Ministério da Fazenda a partir de 1º de janeiro e defendeu mudanças nas normas da ANP (Agência Nacional do Petróleo) e na legislação tributária para aumentar a liberdade no mercado de combustíveis.
Divulgado pela Secretaria de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria, o documento ressalta que o mercado de distribuição de etanol, para quem os produtores são obrigados a vender o combustível, é concentrado. Segundo o relatório, três grandes empresas controlam 55% da distribuição de álcool hidratado no País.
Para evitar perdas de arrecadação e a eliminação completa dos atravessadores, o textorecomenda que, em um modelo de venda direta para os postos, a cobrança do PIS/Cofins ocorra inteiramente na produção. A mudança, no entanto, exigiria alterações na legislação e precisaria ser aprovada pelo Congresso.
Atualmente, os tributos incidem em cada etapa da comercialização, e a eliminação da cobrança na distribuição quebraria a cadeia de arrecadação, onerando as distribuidoras e desonerando os produtores. "Ressalte-se que aqui não se está a defender o fim da venda do produtor ao distribuidor, mas sim o fim da sua obrigatoriedade, conferindo ao produtor o direito a realizar a venda direta aos postos revendedores", explica o texto.
FIM DA EXCLUSIVIDADE
O relatório sugere ainda a eliminação da exclusividade que obriga os postos de determinada bandeira a vender combustível apenas do distribuidor da mesma marca. Atualmente, somente postos do tipo "bandeira branca", não filiados a nenhuma marca conhecida, podem comprar combustível do fornecedor que oferece o melhor preço e a melhor qualidade.
Segundo o Ministério da Fazenda, os contratos de exclusividade prejudicariam a venda direta de etanol do produtor, limitando-as apenas aos postos de "bandeira branca". Para a pasta, a liberação da venda direta, com incidência total de PIS/Cofins na produção, geraria novos arranjos comerciais e aumentaria a concorrência e a eficiência do mercado. (Foto: Estudo Prático)