Decisão do TJ de aliviar pena de Carli Filho revolta mãe de vítima
"Nós recebemos [a notícia] com a certeza de que a gente vive em um país que todos nós conhecemos, da impunidade, da liberdade de sair e matar alguém e responder depois de uma maneira que seja agradável", desabafou a deputada federal Christiane Yared ao comentar a decisão da Primeira Turma do TJ (Tribunal de Justiça) do Paraná, que na noite de ontem (13) reduziu a pena do ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, concedendo a ele o direito à prisão em regime semiaberto.
"Me disseram que a decisão do júri é soberana. Não é, não é mesmo. Dá uma tornozeleira para ele, tadinho. Os que morreram, morreram. A Justiça é para os vivos afinal de contas", acrescentou Christiane, mãe de um dos dois jovens que perderam a vida em um acidente provocado por Carli Filho em uma avenida de Curitiba em maio de 2009. O então deputado Filho andava com seu carro a uma velocidade superior a 160 km/h e causou a morte de Gilmar, filho de Christiane, e do amigo Carlos Murilo de Almeida.
Desde a condenação, em fevereiro deste ano, Carli Filho aguardava em liberdade o julgamento da apelação do júri popular, no qual foi condenado por duplo homicídio com dolo eventual a 9 anos e 4 meses de prisão. Ontem, os desembargadores avaliaram se o julgamento seguiu o rito legal e se o tempo da pena fixada foi o correto.
O relator do caso, desembargador Naor Macedo, manteve a pena para ser cumprida inicialmente em regime fechado. Já o revisor, desembargador Clayton Camargo, reduziu a pena para 7 anos de reclusão, em regime semiaberto. O vogal, desembargador Miguel Kfouri, também divergiu na pena, fixando em 7 anos, 4 meses e 20 dias, também em regime semiaberto.
Com a divergência em relação ao tempo de prisão, o julgamento foi suspenso e deve ser retomado em fevereiro de 2019 para definição da pena, que deve ficar entre 7 anos e 7 anos e quatro meses. Quando a pena é abaixo de oito anos, há a possibilidade de o condenado cumpri-la no regime semiaberto. (Foto: Vagner Rosário/Veja.com)