Gabinete de Bier era QG de um esquema para furar fila do SUS
Depois de fracassar na tentativa de conquistar mais um mandato na Assembleia Legislativa nas eleições de outubro passado, Ademir Bier sofreu mais um duro revés nesta segunda-feira (10), quando policiais do Gaeco amanheceram em sua residência e seu escritório político em Marechal Cândido Rondon, cidade da qual foi prefeito antes de virar deputado estadual, bem como em seu gabinete na Alep para cumprir 12 mandados de prisão e 44 de busca dentro da operação Mustela.
Em balanço apresentado no fim da manhã, o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, disse que o gabinete de Bier funcionava como uma espécie de QG (quartel general) de um esquema para furar a fila do SUS (Sistema Único de Saúde) para beneficiar apadrinhados políticos e, de quebra, render um considerável dinheiro extra aos implicados na medida em que os beneficiários tinham que pagar entre R$ 2 mil e R$ 8 mil "por fora" para serem operados no Hospital São Lucas de Almirante Tamandaré, na região Metropolitana de Curitiba.
Batisti explicou que pessoas que precisavam de cirurgia ligavam para Paulo Roberto Mendes de Morais, assessor de Bier, que atuava como "despachante" do esquema. Paulo então entrava em contado com médicos que prestavam o serviço mediante cobrança da taxa extra.
Bier, ainda segundo o coordenador do Gaeco, se beneficiava politicamente, com votos, ao usar sua influência para encaminhar os pacientes. Em um diálogo gravado no dia 8 de outubro passado, o assessor do deputado reclama do fato do chefe ter perdido as eleições e diz que fazia dez anos que desenvolvia esse tipo de "trabalho", tendo atendido mais de 15 mil pacientes e encaminhado mais de 10 mil cirurgias.
Conforme Hugo Corrêa Urbano, também promotor do Gaeco, o dinheiro do esquema ficava com os médicos, sobrando aos políticos implicados apenas os dividendos eleitorais. Um dos mandados era contra José Carlos Martins, que é vereador em Bandeirantes.
OUTROS ASSESSORES
Outro implicado diretamente no esquema, segundo o Gaeco, é Lourival Aparecido Pavão, que foi assessor do então deputado estadual Ratinho Junior como comissionado da liderança do PSC. "Ratinho Junior recebeu com surpresa a notícia de que o ex-assessor estava envolvido com essas irregularidades e nunca teve conhecimento de nenhuma delas. Está analisando quais medidas administrativas vai poder tomar em relação ao caso", diz nota emitida pelo governador eleito.
Conforme os diálogos gravados durante a investigação, iniciada há um ano e meio, Pavão, que desde 2015 também trabalhou para os deputados Evandro Araújo e Gusto Silva, usava até o telefone fixo do diretório estadual do PSC para encaminhar pacientes. Por fim, entre os presos também está José Carlos da Silva, segundo o Gaeco funcionário do gabinete do também deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli.
Além dos três assessores parlamentares e do vereador de Bandeirantes, foram presos na operação César Augusto Cubis, Claudete Manfrin Nonato, Luiz Geraldo Hablich, Paulo Roberto Mendes de Morais, Sônia Aparecida dos Santos, Flávia Lilian?Gomes, Taiana do Carmo,, Bruno Novochadlo de Moura Jorge, Marcel Sangeroti, Ricardo Moro e Volnei José Guareschi, os quatro últimos médicos do Hospital São Lucas de Almirante Tamandaré. (Foto: Gaeco)