O louco mundo
J. J. Duran
Hemerotecas são lugares onde a decadente cultura oficial guarda páginas que registram os momentos de sua história. Nelas repousam jornais, revistas, folhetins e manuscritos que no futuro poderão ser valiosos informativos do tempo atual.
Cada fase da história do mundo os filósofos acreditaram tratar-se do momento único para viver e pensar no futuro. Por isso, os mais cautelosos sempre escrevem que entender o presente desde o mesmo presente é tarefa difícil e que, normalmente, não permite conclusões eivadas da necessária convicção.
Em nosso presente tudo parece caótico: moral, religiões, verdade, mentira, paz, violência, direitos e exclusões parecem andar numa única caravana. Escrevemos sobre os problemas dos outros para esquecer os nossos próprios problemas. Da mesma forma que os outros interpretam nossos problemas indicando soluções utópicas.
Os pensadores do tempo atual derramam caudalosos rios de soluções para problemas como a fome e a violência (que mata mais as guerras) e para entregar aos menos favorecidos os direitos sociais fartamente prometidos, mas o tempo passa e pouco ou nada muda.
A recente reunião da cúpula do G-20 mostrou um cenário repleto de contradições. Enquanto em Buenos Aires, local do encontro, um pacto de não agressão foi firmado entre os movimentos sociais dissidentes do governo nativo e do capitalismo globalizado para que os protestos fossem civilizados, na Paris de Napoleão os jalecos amarelos e a polícia do governo reformista de Emmanuel Macron travavam feroz batalha urbana com um grande saldo de mortos, feridos e presos políticos.
Uma vez mais, os dirigentes participantes dessa cúpula teatralizaram sobre todos os acordos e silenciaram sobre os desacordos daqueles que sempre opinaram que o êxito da segurança, a prosperidade e a igualdade socioeconômica chagarão no amanhã.
Nessa cúpula, representantes da elite de uma sociedade mundial enferma, consumista e desigual nos levaram a pensar que o futuro seguirá sendo um fracasso.
No Brasil, esperamos ansiosamente pela chegada de 2019. Esperamos todos os andar da carruagem prometido pelo "Mito" para mudar a história de um longo e cinza período de erros e corrupção protagonizado por figuras que prometeram uma coisa e entregaram outra.
É a prova de que dentro de um louco mundo vivem loucos e esperançosos sonhadores. (Foto: jornal O Sul)
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras