Palocci abre o jogo e põe filho de Lula na mira da Polícia Federal
Em 2006, quando ainda cumpria o último ano de seu primeiro mandato na Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva ousou comparar o filho Fábio Luis como alguém com a sorte e a capacidade do atacante Ronaldo Fenômeno. Foi a saída encontrada para justificar o fato de Lulinha, como é conhecido o filho, ter vendido à Telemar parte de suas ações na produtora Gamecorp, uma empresa com capital de apenas R$ 100 mil à época, por nada menos que R$ 5,2 milhões. "Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo que até muita gente ficou com inveja", disse Lula..
Desde então muito tem se falado sobre o incrível sucesso de Lulinha no mundo dos negócios, situação que parece ter ficado ainda mais clara nesta quinta-feira (6), quando Antonio Palocci contou com riqueza de detalhes mais um de vários episódios altamente suspeitos que teriam o envolvimento do filho do ex-presidente, um ex-monitor de zoológico que virou milionário de uma hora para outra. Segundo o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Lulinha recebeu recursos de um lobista envolvido na elaboração da Medida Provisória 471/2009, objeto de ação penal no âmbito da Operação Zelotes.
Palocci, que se transformou em um homem bomba desde que firmou acordo de delação premiada, garantiu ter sido procurado pelo filho de Lula em sua consultoria, em São Paulo, entre o final de 2013 e o início de 2014, para que o ajudasse a obter de empresas ao menos R$ 2 milhões para viabilizar um de seus empreendimentos. "Fui falar com o ex-presidente Lula porque queria ver com ele se autorizava a fazer isso [obter recursos para seu filho]. Foi aí que o ex-presidente falou não precisar atender ao Luiz Cláudio porque 'eu já resolvi esse problema? com o Mauro Marcondes", declarou Palocci.
Segundo a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), Marcondes atuou junto ao Governo Lula em prol da elaboração da MP 471, na qual foram concedidos benefícios fiscais a montadoras de veículos em troca de milhões em propina. Em 2013 esses benefícios fiscais foram renovados pela então presidente Dilma Rousseff por nova MP, segundo o ex-ministro uma vez mais com a intermediação de Marcondes, que teria acesso "irrestrito" a Lula.
TESTEMUNHA
As declarações de Antonio Palocci foram feitas durante depoimento prestado por ele como testemunha em uma das quatro ações penais a que Lula responde na Justiça Federal no Distrito Federal. Nessa ação específica também são réus o próprio Mauro Marcondes, o ex-chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e mais quatro pessoas. (Fotos: jornal Extra)