Operação Lava Jato mira seus canhões em Temer e no PMDB
Somente agora é que se soube o real motivo que levou Michel Temer a suspender de última hora a viagem que faria a países da Ásia há duas semanas. Em mais uma batalha da verdadeira guerra que declarou à corrupção envolvendo agentes políticos, a Operação lava Jato saiu às ruas na manhã desta terça-feira, em sua 51ª fase, com a missão de desvendar os segredos de um contrato entre a Petrobras e a Odebrecht, que teria sido usado para "comprar o PMDB", segundo o delator Márcio Faria, ex-executivo da empreiteira. O Planalto já esperava por isso.
No ano passado, Faria disse ao Ministério Público Federal que Michel Temer, então deputado e candidato à vice-presidência da República, conduziu pessoalmente a reunião em que o PMDB (agora MDB) "abençoou" as negociações de propina que até então vinham sendo comandadas pelo operador João Augusto Henriques. Além de Temer, teriam participado do encontro os ex-deputados Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha.
O referido contrato foi fechado em 2010 entre a área internacional da Petrobras e a Odebrecht, no valor de US$ 825 milhões. Ele serviria para a prestação de serviços, diagnóstico e levantamentos nas áreas de segurança, meio ambiente e saúde para a estatal em nove países, além do Brasil.
O ex-executivo da Petrobras disse que a propina negociada chegou perto de US$ 40 milhões. Nesta terça-feira (8), o Ministério Público afirmou que identificou pagamentos que somam US$ 31 milhões para intermediadores do partido do hoje presidente da República.
Na ação de hoje a Lava Jato prendeu quatro ex-executivos da Petrobras e um operador de propina. O foco da investigação, segundo o procurador Julio Carlos Motta Noronha, foi apenas a "primeira camada" de pagamentos. "Eventualmente, o destino desses recursos ainda será objeto de investigação, e caso haja envolvimento de pessoas com foro, isso caberá às instâncias competentes", explicou. (Foto: José Cruz/AGBr)