Outubro que vem
J. J. Duran
Existe, na antessala nervosa do ano eleitoral, um apertado número de sentimentos classificatórios da política e dos políticos que, como eixo transversal, cruza o Brasil de um lado a outro.
Com o sistema político infectado pela corrupção, o eleitor sabe que uma nova escolha errada ao votar significará o aprofundamento desta crise sem precedentes que castiga o País. Uma crise de origem moral, política e social que nos leva a pensar que nas eleições deste ano o voto irá se converter na mensagem da esperança de um novo tempo sociopolítico.
O País, os estados e os municípios - que são verdadeiros laboratórios da democracia - vivem um tempo de crise profunda, no qual os acontecimentos políticos têm atingido a população com uma fúria destruidora. E neste momento o eleitor deve ter em mente que fazer parte de um novo fracasso político representará o suicídio de uma sociedade já cansada de frustrações eleitorais.
É chegada a hora de votar em um projeto factível de reestruturação da República, que priorize a realização das grandes e verdadeiras reformas socioeconômicas necessárias para dar fim às nefastas anomalias produzidas por um modelo perverso, que desde o princípio se sustentou na corrupção e na impunidade e satisfez unicamente o apetite macabro de certas cúpulas.
Temos que entender e assumir - todos, não apenas uma parte - que existe uma corresponsabilidade muito grande da sociedade em geral no ultraje que sofreram a República e suas instituições ao longo das últimas quase duas décadas.
A sustentação e a vigência plena e real da democracia presidencialista residem na moralidade republicana que tem seu Congresso. Olhar as biografias e sufragar apenas os candidatos com passado limpo é o ponto de partida para construir uma representação verdadeiramente republicada no Congresso Nacional.
Nefastas foram as épocas do liberalismo sem humanismo, como do populismo, prometedor do máximo e fazedor do mínimo, e do reformismo, fruto amargo da união pré-eleitoral promíscua entre a traição e os compromissos bastardos.
A República sangrou profundamente quando se politizou o Poder Judiciário e se judicializou a política, e se abateu ainda mais quando o Poder Legislativo se rendeu aos interesses políticos nefastos e sem cabimento de um Poder Executivo sem autoridade moral e política e que se converteu em mero e espúrio balcão de negócios.
Saibamos escutar. Saibamos comparar. Saibamos ser livres da maléfica intervenção do poder econômico na definição do voto. Saibamos olhar o passado para identificar e corrigir os erros cometidos, pois esse é o ponto de partida para termos o futuro desejado.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras