Brasil, país continente
J. J. Duran
Fora das fronteiras brasileiras, é comum ouvir vozes confirmatórias de que para opinar sobre o Brasil e sua sociedade, há que viver nele e tomar parte da sua sociedade.
Boa parte das errôneas interpretações que muitos fazem neste auge do fenômeno Jair Bolsonaro sobre a política verde-amarela é que desconhecem o Brasil como Nação e a convivência fraterna de uma população com forte origem africana e uma dirigência cultural inclinada aos conceitos norte-americanos.
O sincretismo brasileiro não é visto somente no fenômeno religioso, que há longo tempo produz uma sincera mistura das igrejas pentecostais com a Igreja Católica, que ainda exerce grande influência sobre todas as tendências existentes.
Os meios de comunicação, um tanto cartelizados, mostram a mesma e dócil complacência ao exibirem programas de elevado valor cultural junto com alguns de medíocre conceituação e abundantes mensagens de setores calvinistas.
O Brasil sempre se caracterizou por seu posicionamento geopolítico à direita, ainda que sem esquecer seu ecletismo na prática governante, sobretudo a das últimas três décadas.
Erram grosseiramente os articulistas que afirmam que o novo presidente não está preparado para governar um país de dimensões continentais, por mais que seu discurso não tenha os recursos da dialética tão comum na boca dos políticos profissionais. Quem o conhece sabe que seus quase 30 anos de vida parlamentar sempre foram marcados por uma oratória franca e desafiadora.
Lá fora alguns o mencionam como nazista, fascista e até troglodita. Porém, a realidade de suas mensagens de campanha, agora suavizadas como corresponde a um presidente da República, guardam estreita relação com sua formação nacionalista.
Em que pese o ceticismo de muitos, Bolsonaro está determinado e preparado para fazer a maior reformulação histórica da República. Prova disso foi a escolha estratégica de Sérgio Moro, que no papel de superministro desenvolverá uma autêntica guerra à corrupção e ao crime organizado.
E o Brasil, pátria de todos aqueles que têm boa vontade, espera e merece isso tudo para confirmar sua liderança inquestionável no horizonte indo-americano.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras