Debate rechaça motivo sanitário para embargo europeu ao frango
A Frente Parlamentar criada para aprofundar as discussões relativas ao embargo dos países da União Europeia à carne de frango brasileira, que está castigando duramente a economia estadual, voltou a debater o assunto em reunião nesta segunda-feira, sob a presidência do deputado Elio Rusch, que substituiu o coordenador do grupo, deputado José Carlos Schiavinato.
Rusch elencou as iniciativas tomadas até agora em busca de soluções para o problema, enquanto o relator, deputado Guto Silva expôs alguns temas abordados durante a visita técnica feita por uma comissão de embaixadores da comunidade europeia ao Paraná na semana passada, frisando que o assunto vem sendo tratado em nível de governo federal, sem previsão de prazos para a suspensão do embargo.
O deputado Wilmar Reichembach distribuiu cópias de documento resultante do Seminário da Avicultura do Sudoeste do Paraná, realizado na semana passada para discutir a questão. O texto enumera reivindicações a serem encaminhadas a lideranças dos governos federal e estadual e seus órgãos competentes, bem como a lideranças regionais, sugerindo a adoção de medidas urgentes para salvaguardar as atividades do setor.
CONTRADIÇÃO
Francisco Simioni, diretor do Deral (Departamento de Economia Rural), apontou o viés "extremamente econômico" da medida tomada na Europa, acentuando a importância da mobilização em defesa dos interesses do Paraná, principalmente levando em conta que o setor representa 60 mil empregos diretos e 600 mil indiretos no Estado. Referindo-se ao alto custo da manutenção dos alojamentos, ele sugeriu a postergação de dívidas e contratos junto ao BNDES.
Rafael Gonçalves Dias, representante da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), também rechaçou o caráter sanitário da restrição, reforçando que nada mudou na qualidade da carne produzida em território paranaense e reconhecida como uma das melhores do mundo.
Cleverson Freitas, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, disse que estão sendo convocados mais de 300 médicos veterinários e auditores, 52 deles apenas para o Paraná, para abordar o assunto criteriosamente.
Já Alexandre Lobo, coordenador do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), defendeu a renegociação das dívidas dos produtores que se socorrem de financiamentos, enquanto Marcos Júnior, vice-presidente da Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná), apontou a baixa qualidade da distribuição de energia nas áreas rurais, obrigando os proprietários de aviários ao uso de geradores, o que encarece sensivelmente a produção. (Foto: Sandro Nascimento)