O bolsomorismo
J. J. Duran
Antonio Di Pietro foi o fiscal da Operação Mãos Limpas na Itália, que terminou como o sinistro reinado da máfia na península. O juiz Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça do Governo Jair Bolsonaro e considerado um herói nacional pela extraordinária dimensão moral e jurídica demonstrada na luta à frente da Operação lava Jato, fundamenta sua tese doutoral em conceitos escritos pelo fiscal italiano e que são considerados peças jurídicas fundamentais.
Atentos aos fatos que registra a história, muitos observadores do cenário político sustentam que Moro foi, direta ou indiretamente, peça fundamental para a vitória de Bolsonaro por dois motivos pontuais: a divulgação da conversa mantida entre Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, em que a então presidente explicava que a designação do ex-presidente a um cargo ministerial o blindaria da prisão, e o ato de tornar pública uma declaração do arrependido José Dirceu revelando que Lula conhecia e participava de todas as negociatas feitas ao longo de seus dois mandatos.
Às vésperas da campanha que culminou com eleição brasileira de outubro passado, colegas platinos acreditavam que Moro era uma espécie de candidato natural à Presidência da República. Estavam baseados em pesquisas dando elevados índices de intenções de voto ao juiz, que aparecia à frente até mesmo do agora presidente eleito Jair Bolsonaro.
Moro preferiu ficar ausente da disputa, mas chega agora à condição de ministro de Bolsonaro e peça fundamental para ordenar e tornar realidade a promessa do novo presidente de iniciar uma cruzada pela moralização do poder público e combate ao crime organizado, cujos tentáculos estão solidamente plantados por todos os quadrantes do País.
Não faltam vozes a condenar a carta branca prometida pelo presidente eleito ao futuro ministro, mas isso nada mais é do que o efeito esperado do fantasma do "bolsomorismo", que está causando calafrios nos corruptos de plantão e sinalizando para o despertar de uma nova era para a República verde-amarela.
Queiram ou não, gostem ou não, o fato é que a união Moro/Bolsonaro simboliza o princípio do fim de velhas e corruptas figuras da política tupiniquim e um aviso direto e reto às apetitosas e corruptoras elites empresariais. O futuro mostrará um Brasil andando sobre três eixos: Bíblia, Constituição e liberdade. Liberdade, não libertinagem!
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras