Destino de Lula está nas mãos da turma do STJ que libertou Dirceu
Segundo a Agência Brasil, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu enviar para a Segunda Turma da Corte o mais recente pedido de liberdade feito pela defesa ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, protocolado ontem (5).
Em despacho publicado nesta terça-feira (6), Fachin deu cinco dias de prazo para que o STJ (Superior Tribunal de Justiça), o TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e a 13ª Vara Federal de Curitiba prestem esclarecimentos sobre o caso. Em seguida, a PGR (Procuradoria-Geral da República) terá o mesmo tempo para se manifestar.
Somente após todo esse trâmite o habeas corpus deve ser analisado pelos ministros da Segunda Turma, integrada por ele (Fachin), Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Celso de Mello e a mesma que libertou da cadeia o ex-ministro José Dirceu.
No pedido, a defesa de Lula volta a suscitar a suspeição do juiz Sergio Moro para julgar Lula. Os argumentos foram reforçados após o magistrado ter aceitado o cargo de ministro da Justiça no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Os advogados de Lula querem que seja reconhecida a suspeição de Moro para julgar processos contra o ex-presidente e que sejam considerados nulos todos os atos processuais que resultaram na condenação no caso do triplex do Guarujá (SP).
O pedido ainda requer que sejam suspensas outras ações penais contra Lula que estavam sob a responsabilidade de Moro, como as que tratam de suposto favorecimento por meio da reforma de um sítio em Atibaia (SP) e de supostas propinas da empresa Odebrecht. Nesta última, o depoimento do ex-presidente está marcado para 14 de novembro.
"Lula está sendo vítima de verdadeira caçada judicial entabulada por um agente togado que se utilizou indevidamente de expedientes jurídicos para perseguir politicamente um cidadão, buscando nulificar, uma a uma, suas liberdades e seus direitos", afirmam os advogados.
A defesa cita ao menos 33 atos de Moro que demonstrariam sua parcialidade para julgar Lula, entre eles a divulgação da delação premiada do ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, cujo sigilo foi retirado pelo juiz a poucos dias do primeiro turno das eleições deste ano. Caberá a Fachin decidir se os argumentos justificam a soltura do ex-presidente.
Lula está preso desde 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, após ter sua condenação confirmada pelo TRF4, que impôs pena de 12 anos e um mês de prisão ao ex-presidente pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. (Foto: Valter Campanato/AGBR)