O ciclo Bolsonaro
J. J. Duran
Enganam-se os que imaginam e proclamam possível levantar a República como forte e poderosa sobre os ombros de um povo explorado, marginalizado e triste. Uma Nação só cresce quando cresce em cada um de seus cidadãos o processo de recuperação de seus direitos.
O Brasil tem um povo com a consciência de sua força e cujos duros sacrifícios se transformaram na impetuosidade cívica que deu o triunfo nas urnas a um candidato que praticamente não teve estrutura própria de campanha e superou oponentes com investimentos milionários.
O ciclo político de Jair Bolsonaro começa pela descomunal tarefa de reedificar o Estado para que este sirva plenamente aos anseios de toda a sociedade. E não pensem os desavisados da História que esse reedificado Estado vai ser uma graça que as elites irão outorgar à nação em um orgulhoso ato de caridade.
Esse reedificado Estado deve ser expoente fiel da moralidade republicana e construído para promover a ordem e a justiça. E ordem e justiça se fazem com a lei como elemento básico para reordenar a organização social da República.
O novo presidente é uma figura paradoxal, que pode tanto dividir quanto unir a sociedade em torno de seu discurso antissistema. Tarefa primordial será sanear a República e moralizar a mal chamada elite para reencaminhar a maior economia do continente.
Decidido a plantar uma bandeira conservadora junto a uma cruzada moralizadora para dar um fim definitivo ao funesto e deplorável apoio do Congresso Nacional ao Executivo em troca de benesses imorais, o presidente eleito terá uma difícil tarefa.
Arrumar a esquálida economia brasileira deve ser outra tarefa urgente. Nesse sentido, será imperativo reorganizar o modelo federativo tão explorado pelos governos populistas.
Esperemos que seus ministros, quando nomeados, de imediato anunciem planos de impacto e que tragam benefícios reais, não aqueles programas ambiciosos sempre abandonados no fundo da gaveta.
A prioridade declarada, e que a sociedade espera seja efetivada, é lograr principalmente os objetos de um desenvolvimento econômico com geração de empregos. Mais de 12 milhões de brasileiros desempregados votaram esperando o fim da dolorosa caminhada dos que ofertam suas mãos para o trabalho e só recebem o pão da caridade amassado com o amargo trigo da indiferença social e do Estado.
Um longo caminho aguarda o novo presidente, ungido pelo povo na esperança de que se inicie com ele um novo ciclo sócio, político e moral.
Um pensamento respeitoso de quem já teve a graça de ver assumir muitas dezenas de mandatários pela via do sufrágio universal: "É bom esperar com prudência o prometido. Não devemos confundir parecido com idêntico". (Foto: Reflexo Cultural)
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras