Campanha termina com ataques e apelos por união e esperança
No último dia do horário eleitoral gratuito, as campanhas dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) adotaram estratégia semelhante. Ambos os programas começaram desconstruindo o adversário na boca de locutores. Em seguida, anunciaram o início da propaganda dos candidatos, que só então se dirigem ao eleitorado. A matéria é da Agência Brasil.
O programa de Bolsonaro vinculou o PT à violência e ao desemprego, afirmando que ambos são resultados da corrupção e citou trechos das delações da Operação Lava Jato que envolvem o partido. "A corrupção é uma praga que tira comida da mesa dos brasileiros, deixa pessoas nas filas da saúde e tira crianças da escola", disse o locutor.
Em seguida, afirmou que o PT foi responsável pelos dois maiores escândalos de corrupção no país nos últimos tempos: o mensalão, denunciado em 2005 pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), e o petrolão, investigado pela Operação Lava Jato. Segundo o PSL, R$ 47 bilhões foram desviados dos cofres públicos.
No programa eleitoral, o PSL atacou a chapa adversária dizendo que o PT e seus aliados mentem. Chamou Fernando Haddad de fantoche, destacando que ele foi a Curitiba "pedir a bênção do presidiário", referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seguida afirmou que Haddad foi o pior prefeito do país, não conseguiu se reeleger e responde a processos.
Para tentar reverter o apoio a Haddad no Nordeste, Bolsonaro responsabilizou o PT pelas obras inacabadas em todo o país e que isso prejudica especialmente o Nordeste, região que mais precisa de equipamentos públicos. O narrador conclui com "o povo acordou, PT, não".
Classificado pelo narrador como "o presidente livre e independente", Bolsonaro apareceu pela primeira vez no programa contando como decidiu, há quatro anos, disputar a eleição presidencial. Segundo ele, entre as barreiras detectadas à época estava "vencer a máquina política e partidária".
Bolsonaro disse ainda que é uma ameaça aos corruptos. "Meus irmãos, meus amigos, o momento é de união. Se for vontade de Deus, estarei pronto a cumprir essa missão", concluiu.
HADDAD
O PT abriu o programa de rádio lembrando que Bolsonaro fugiu a mais um debate com Haddad. Nesta sexta-feira ocorreria o debate da TV Globo, cancelado porque somente o petista confirmou presença. "Ele se esconde para não ter que assumir as suas ideias doentias e desequilibradas", afirmou a locutora do programa.
No horário eleitoral, o PT destacou que o candidato do PSL desrespeita os pobres. O programa veiculou uma gravação atribuída a Bolsonaro, na qual ele diz que o pobre só serve para votar, "com o título de eleitor na mão e o diploma de burro no bolso". O programa lembrou que Bolsonaro, na Câmara, votou a favor de propostas que prejudicam os trabalhadores.
Para o PT, "Bolsonaro é a velha política, aquela que você tanto quer mudar". Na sequência foi veiculada uma entrevista do adversário de Haddad, na qual ele afirmou que usa o "auxílio moradia [concedido pela Câmara dos Deputados] para comer gente". O programa de Haddad insistiu que seu adversário defende a ditadura e a tortura, além de disseminar ódio e violência.
Haddad apareceu pela primeira vez na propaganda eleitoral ao lado de um menino negro. "Quero conversar com você que está angustiado com o futuro do país", afirmou o candidato, que apareceu distribuindo rosas em atos da campanha eleitoral.
Segundo o candidato, o trabalhador brasileiro, mesmo nos momentos mais difíceis, não perde a coragem nem a fé para lutar por dias melhores. "Sei que você está descontente com tudo o que está acontecendo no Brasil e, por isso, quer mudança, quer um governo que não corte direitos, quer comida na mesa e salário justo", afirmou.
Focado na tese da virada, o candidato prometeu governar com honestidade e seriedade. "O Brasil precisa de um presidente que enfrente as dificuldades de cabeça erguida, que respeite todos, que governe para todos e cuide dos que mais precisam. Serei o presidente do diálogo que constrói pontes e garante a paz", disse Haddad, agradecendo a Deus e aos que acreditam na mensagem de esperança.