Saúde na UTI: SUS perdeu mais de 41 mil leitos na última década
Em época de campanha eleitoral o futuro é pintado de cor-de-rosa, mas depois do veredicto das urnas os eleitores caem na real e se descobrem enganados pela maioria dos políticos. Isso se repete de dois em dois anos e o cenário e produz cenários como o apontado por um estudo da CNM (Confederação Nacional dos Municípios) e que revelam um descaso absurdo com a saúde pública.
Pelo levantamento, o Brasil perdeu nos últimos dez anos mais de 41 mil leitos hospitalares do SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2008 haviam na rede pública de todo o País 344.573 leitos. Em 2018, o total caiu poara 303.185.
Já os leitos classificados como não SUS aumentaram de 116.083 em 2008 para 134.380 este ano. De forma geral, portanto, o sistema de saúde brasileiro passou de 460.656 leitos em 2008 para 437.565 em 2018, totalizando 23.091 leitos a menos - o equivalente a seis leitos fechados por dia durante um período de dez anos.
"O estudo mostra comportamentos diferentes se compararmos quantitativos de leitos SUS e não SUS. Enquanto o primeiro teve mais fechamentos que habilitações, o segundo grupo mostrou um aumento de aproximadamente 18.300 unidades. Isso significa que os leitos públicos diminuíram mais drasticamente", destacou a CNM que usou a base de dados do próprio Ministério da Saúde para lançar o estudo.
Ainda de acordo com a pesquisa, em 2008 o Brasil contava com 2,4 leitos (SUS e não SUS) para cada mil habitantes, índice que caiu para 2,1 leitos para mil habitantes em 2018.
"Considerando a quantidade de leitos hospitalares segundo especialidade, identifica-se que os leitos denominados ?outras especialidades, pediátricos e obstétricos? apresentaram uma redução considerável", aponta o levantamento.
Os números mostram que, atualmente, nenhuma das regiões do país atinge o índice recomendado pelo próprio Ministério da Saúde - entre 2,5 e 3 leitos para cada mil habitantes. As regiões Sul e Centro-Oeste são as que mais se aproximam, com 2,4 e 2,3 respectivamente. A pior situação é no Norte, com 1,7. Já Nordeste e Sudeste têm, ambos, 2 leitos para cada mil habitantes.
VERSÃO DO GOVERNO
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou que a redução de leitos públicos, predominantemente psiquiátricos e pediátricos, não afetou a oferta assistencial e a produção aprovada nos sistemas de informação do SUS. A quantidade de internações aprovadas no sistema em 2008, segundo a pasta, foi de 11,1 milhões e, em 2017, de 11,6 milhões. Nesse mesmo período, a produção ambulatorial, de acordo com o documento, cresceu 34%, passando de 2,9 bilhões de procedimentos ambulatoriais para 3,9 bilhões.
"A redução de leitos de internação segue tendência mundial de desospitalização - com os avanços tecnológicos, tratamentos que exigiam internação passaram a ser feitos no âmbito ambulatorial e domiciliar, com ampliação da atenção básica e de ações de prevenção e promoção. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que o Reino Unido e Canadá, países que servem como referência para o SUS, apresentaram quedas de leitos hospitalares de 26% e 20,5%, respectivamente", informou o ministério.