A eleição e o futuro
J. J. Duran
O eleitorado brasileiro votou no primeiro turno com o olhar voltado para o futuro, mas esquecido do passado recente, como que tateando à procura de um caminho que realmente leve à consolidação definitiva das instituições que conformam o sistema democrático.
E o resultado dessa primeira etapa da disputa presidencial mostrou a intenção da maior parcela em buscar uma figura emergente no cenário e que lhe assegure a reconquista da segurança e da credibilidade perdidas. Frente o apodrecimento moral do Estado, a maioria assumiu a defesa de uma figura que confirma o pouco valor das palavras dentro de um confuso processo político.
O sucesso de Jair Bolsonaro nas urnas confirmou o pensamento segundo o qual em uma conjuntura política não importa conhecer as palavras que pronuncia o candidato, mas sim atualizar a mensagem interpretada pelo eleitor.
A maioria decidiu votar com uma importante dose de razoabilidade e optou por Bolsonaro porque ele transmitiu, com linguagem clara, curta e precisa, a ideia de que não é igual aos políticos tradicionais, em que pese o fato de exercer mandatos parlamentares há quase três décadas.
O candidato do PSL não é fruto do corporativismo dos partidos políticos, mas sim de seu pensamento e da forma radical e direta de atacar os graves problemas que afligem a sociedade em geral.
A insegurança, que se converteu na maioria das cidades brasileiras em uma permanente roleta russa e produz mais mortes que na maioria dos conflitos bélicos, foi eleita por ele como prioridade entre as prioridades a serem enfrentadas pelo futuro governo.
Mas a Lava Jato também teve papel importante, pois resultou em elemento catalisador do pensamento quase unânime da repulsa generalizada aos partidos políticos tradicionais.
Por tudo isso, o cone sul indo-americano observa com extraordinária atenção o tempo eleitoral brasileiro e tem a compreensão de que se o ex-capitão do Exército triunfar também no segundo turno, o Brasil irá caminhar rumo a um reordenamento legal compatível com os valores republicanos.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras