Mensagens ligam braço-direito da PGR ao homem da mala Rocha Loures
A Polícia Federal encontrou mensagens eletrônicas trocadas entre o ex-deputado paranaense Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer, e o secretário-geral da PGR (Procuradoria-Geral da República), Alexandre Camanho, um dos principais auxiliares na gestão da atual chefe procuradora Raquel Dodge, indicada por Temer para o cargo. Mas Dodge ainda não estava no posto na época da troca de mensagens.
Segundo reportagem do jornal O Globo, nas conversas Alexandre faz indicações para o ministério de Temer e sugere que Rocha Loures encaminhe informações ao presidente. Em um dos diálogos, acrescenta o texto, o secretário-geral diz ter um assunto importante e urgente a tratar e pede que a conversa seja fora do Palácio do Planalto, pois teria caráter muito expositivo.
A troca de mensagens foi revelada no relatório final inquérito dos portos encaminhado pela PF ao STF (Supremo Tribunal Federal) e que chegou ontem às mãos do ministro Luís Roberto Barroso com pedido de indiciamento de Temer, Rocha Loures e outras nove pessoas por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Rocha Loures foi afastado do mandato em maio de 2017, depois de aparecer em uma gravação recebendo uma mala com R$ 500 mil entregue a ele por um executivo da JBS. O ex-deputado paranaense foi chefe de gabinete de Temer em 2011, e em 2015 assumiu a chefia de assessoria parlamentar do então vice-presidente e, em seguida, a chefia de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais do governo. Em 2016, após o impeachment, Rocha Loures passou a ser assessor especial de Temer, que havia assumido a Presidência.
O procurador Camanho se defendeu dizendo que as conversas que teve com o ex-deputado foram motivadas pela relação de amizade entre os dois. (Foto: EBC)