O tempo pré-eleitoral
J. J. Duran
A banalidade conceitual colocada neste tempo pré-eleições de outubro próximo em muitos meios de comunicação está tornando natural o absurdo e deixando de escandalizar os eleitores. Esquecem que está chegando o tempo do ressurgimento das biografias verdadeiras de personagens de triste recordação.
Neste tempo, falsários procuram apagar seu passado recente de imoralidade utilizando-se de diferentes artifícios, sobretudo do poder econômico e político de que são possuidores, para tentar fazer sua ficha suja respingar em todos os pares e, com isso, impor aos eleitores a crença de que são todos iguais e, por isso, tanto faz um ou outro.
Assim vamos ver juntos, porém ocultos para o eleitor menos informado, políticos que pouco fizeram além de dar sustentação a um governo sem credibilidade.
Esses políticos tartufos agora vão voltar a declamar amor ao povo, sobretudo àquela fatia mais deserdada, na busca desesperada dos votos que lhes permitam seguir explorando a credulidade dos mais simples.
O cinismo dos medíocres lhes permite seguir vivendo no tempo da corrupção e da impunidade sem avistar que no outubro vindouro não haverá lugar nas urnas para os que se aliaram à elite corruptora e delatora da década infame.
Não se pode colocar um fosso entre a culpa de cada um pelo desastre que enlutou a República e o silêncio cúmplice ou a infertilidade manifesta da sua vida pública.
A capitalização do esquecimento, que com astúcia procuram muitos interessados desse passado ainda presente, tem que ser visualizada como intento de medíocres para sufocar a verdade.
O tempo da pós-verdade imposta parcialmente, porém benéfica para a vida das instituições da República, desnuda as falácias, as falsas biografias, a corrupção geradora de ostentadoras lideranças empresariais nascidas e crescidas com o dinheiro surgido da associação ilícita do poder político com o capitalismo mais egoísta.
Muitos personagens que procuram combater de batina neste tempo eleitoral são corresponsáveis, com sua ajuda ou seu silêncio, pela conversão da República num bordel onde corrupção, compra de biografias e imoralidade civil e republicana foram moeda de troca pelos votos recebidos. Verdade e ética foram varridas do pudor de muitos homens públicos.
Ao votarmos, em outubro próximo, poderemos trazer de volta o Brasil querido. Pense. Medite e só depois vote. Não espere, como Godot, que surja um novo salvador. Desenhe-o com seu voto.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras