Para Lava Jato, Gilmar Mendes age em flagrante desrespeito à lei
A ordem para soltura de Pepe Richa e outros sete presos sob acusação de participarem de um esquema de corrupção irrigado com dinheiro do pedágio mais caro do Brasil, emitida no fim da tarde de ontem (5), ensejou uma reação enérgica da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Em nota conjunta, os procuradores afirmaram que a sociedade precisa discutir "com seriedade os excessos praticados pelo ministro Gilmar Mendes". "[A decisão] desconsiderou a existência de evidências claras de corrupção sistêmica nos pedágios do governo do Paraná, vigente há mais de 19 anos e que importou no pagamento de dezenas de milhões de reais em propinas para majorar preços e suprimir obras necessárias, o que acarretou inúmeros acidentes e mortes", disse a força-tarefa.
Os procuradores também afirmaram que o entendimento de Mendes desrespeitou o devido processo legal. "[A decisão] fechou os olhos para as razões da sua suspeição apresentadas pelo Ministério Público do Paraná e para os fundamentos da inadequação da decisão exarada apresentados pela Procuradoria-Geral da República, diante de decisão idêntica proferida no bojo da Operação Rádio Patrulha. Tais razões e fundamentos se aplicam a este caso e se somam a inúmeras declarações proferidas pelo ministro contra a Lava Jato ao longo dos dois últimos anos, que reforçam sua suspeição".
"INSUBORDINAÇÃO"
No caso de Pepe Richa, Gilmar Mendes entendeu que a decretação da prisão violou seu entendimento anterior, no qual concedeu habeas corpus determinando a soltura do ex-governador Beto Richa. Além de Pepe, a decisão de ontem beneficiou os empresários Elias Abdo, Ivano Abdo, Evandro Couto Vianna, Cláudio José Machado Soares, José Julião Terbai Jr., José Camilo Teixeira Carvalho e Ruy Sérgio Giublin. (Foto: Arquivo)