Saudade do futuro
J. J. Duran
Existe um futuro que sempre sonhamos, porém que jamais alcançamos. É uma ilusão não somente do povo brasileiro, mas globalizada e que nos projeta para um suposto tempo no qual a felicidade é algo verdadeiramente palpável. Ao ouvir esse meu pensamento, um velho conhecedor da política tupiniquim aconselhou-me a lastimar, "pois este futuro nasceu morto".
A eleição deste domingo é um indicativo concreto de que um mais período triste da vida nacional vai chegando rapidamente ao fim e deixando para trás uma ferida aberta nos muitos que acreditaram no futuro.
A esperança no futuro sonhado está na liberdade que cada um tem de eleger não nomes, mas biografias de autenticidade moral e reconhecida capacidade para cumprir os compromissos assumidos.
Exercitar o sagrado direito do voto é uma oportunidade ímpar para suplantar um tempo nefasto e dominado pela falta de verdade, que levou de roldão biografias falsamente desenhadas para alcançar a deplorável blindagem do foro privilegiado.
Por isso, neste momento é importante refletir para não se deixar levar pelas peças de marketing produzidas para impulsionar novos perfis e novas alquimias a fim de tirar da cabeça do eleitor a melancolia e a desesperança após mais uma frustração.
Basta de aventuras e de velhos aventureiros travestidos de homens públicos, pois as mais fogueiras esperanças se frustraram e os mais elevados propósitos se perderam frente à desalentadora realidade vivida pela sociedade.
Quando, na vida de um povo, não se preserva a limpidez da fonte do poder, se desmoraliza a democracia e o voto e se dá autenticidade àqueles governantes e parlamentares frutos de sórdidas confabulações.
Uma vez mais foram feitas alianças partidárias que são um verdadeiro atentado à boa-fé do eleitor para impor figuras representativas da tragédia nacional e fechar as portas aos legítimos representantes da mudança não só de nomes, mas também da forma de se fazer política.
Mais que um dever cívico, o ato de participar desta eleição deve ser encarado como uma oportunidade ímpar para decretar o fim de uma era de ações políticas permeadas por um nível de corrupção jamais visto na história da República.
Tomara um novo Brasil possa brote das urnas.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras